Setor Industrial critica elevação da taxa Selic para maior patamar em quase duas décadas
Entidades do setor produtivo afirmam que aumento impacta a economia brasileira, desestimula investimentos e torna financiamentos mais caros
Vicklin Moraes
A elevação de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, anunciada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) nesta quarta-feira (7) provocou reações de entidades do setor produtivo. A Selic subiu de 14,25% para 14,75%, maior patamar em 19 anos.
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De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a nova alta da taxa Selic representa um peso ainda maior para a economia, desestimula investimentos e dificulta o crescimento do país. A CNI também estima que a dívida pública bruta deverá atingir 79,4% do PIB (Produto Interno Bruto) ao final de 2025, com os altos juros.
“Ao ignorar o cenário e elevar novamente a Selic, o Copom desconsidera três riscos. O primeiro deles é o desestimulo ao investimento produtivo. Embora um crescimento menor ou mesmo a queda dos investimentos ajude a conter a demanda agregada e a controlar a inflação no curto prazo […]O segundo risco é o aumento dos custos financeiros sobre os custos totais das empresas, o que impacta os preços[…] O terceiro deles é elevação do custo da dívida pública, que amplia o déficit público e o risco fiscal”, afirma o CNI em comunicado.
Para a economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, o movimento já era esperado, mas tem um impacto negativo na economia, principalmente no setor. Os juros altos dificultam a aquisição de imóveis ao tornar os financiamentos mais caros.
“Os aumentos consecutivos nos juros objetivam desacelerar a economia brasileira para tentar conter a inflação, que deverá encerrar 2025, pelo segundo ano consecutivo, acima do teto da meta”, afirma a economista.
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