Setor de serviços do Brasil avança em agosto pelo sétimo mês seguido
Expansão foi de 0,1% na comparação com o mês anterior, mostram dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Reuters
O setor de serviços do Brasil seguiu em alta em agosto e renovou o patamar recorde da série histórica, mostrando resiliência mesmo em meio a uma desaceleração gradual da economia diante da taxa de juros elevada.
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O volume de serviços teve em agosto expansão de 0,1% na comparação com o mês anterior, em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, mostraram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (14).
Com o sétimo resultado mensal seguido no azul, o setor acumulou no período avanço de 2,6% e marcou a maior sequência de resultados positivos desde os oito meses compreendidos entre fevereiro e setembro de 2022. O avanço de agosto, no entanto, foi o mais fraco nesse período.
Os dados mostraram ainda expansão de 2,5% no volume de serviços em relação a agosto do ano anterior, também em linha com a expectativa.
De acordo com o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, não foi percebido ainda nenhum efeito ou impacto do tarifaço dos Estados Unidos, que entrou em vigor em agosto.
O setor de serviços vem mostrando resiliência neste ano apesar da política monetária contracionista, com a taxa básica de juros Selic em 15%, ajudado pelo mercado de trabalho aquecido e medidas de estímulo à demanda.
"O resultado do mês indica uma acomodação no crescimento dos serviços, que tem sido o setor mais resiliente da economia. Mesmo com o avanço disseminado entre as atividades, vemos um movimento de recomposição de perdas recentes", disse André Valério, economista sênior do Inter.
O destaque do setor em agosto foram os serviços profissionais, administrativos e complementares, com alta de 0,4%. O resultado dessa atividade, segundo o IBGE, foi puxado por empresas que atuam na área de programas de fidelidade e cartões de desconto, atividades jurídicas e aluguel de máquinas e equipamentos.
Outras três atividades tiveram ganhos no mês: transportes (0,2%), serviços prestados às famílias (1,0%) e outros serviços (0,6%).
Informação e comunicação foi a única atividade em queda, de 0,5%, pressionada pela parte de suporte técnico, manutenção e outros serviços de TI, além de exibição e distribuição cinematográfica.
"No caso de exibição e distribuição cinematográfica, o resultado é explicado pela base elevada de comparação no mês de julho, que é um mês de férias", explicou Lobo.
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O índice de atividades turísticas, por sua vez, cresceu 0,8% em agosto sobre julho, após três resultados negativos seguidos. Com isso, o segmento de turismo está 2,0% abaixo do ápice da série histórica, de dezembro de 2024.
"Havia uma pressão do aumento de preços das passagens aéreas, que acabou reduzindo o volume do transporte aéreo em junho e julho, que é um dos principais componentes do turismo, levando assim a atividade turística a recuar nos últimos meses. Então essa alta de 0,8% vem de uma base de comparação mais baixa", explicou o gerente da pesquisa.
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier