"Pode haver uma invasão de calçados asiáticos no nosso mercado", diz Associação sobre tarifaço de Trump
Setor de calçados vê potencial crescimento nas exportações aos EUA mesmo com aumento do imposto médio de 17% para 27%
Rafael Porfírio
Soane Guerreiro
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Abicalçados, está atenta ao impacto do "tarifaço" anunciado por Donald Trump nos Estados Unidos. A medida aumenta o imposto sobre os calçados brasileiros em 10%, mas pega ainda mais pesado com os grandes concorrentes da Ásia, como China, Vietnã e Indonésia, que, com adicionais de até 46%, agora terão que pagar taxas de até 63%.
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Passo à frente?
Hoje, 21% dos calçados exportados pelo Brasil têm os EUA como destino, mas a participação do país nesse mercado ainda é pequena: apenas 0,5% das importações americanas vêm de fabricantes brasileiros. Para o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira, o novo cenário pode fazer a indústria nacional dar um passo à frente.
"O imposto que hoje se paga para entrar nos Estados Unidos é de 17,3%. Então, nesse aspecto, o Brasil se torna mais competitivo perante os asiáticos, que são os grandes exportadores de calçados para o mercado americano", explicou o presidente do setor de calçados.
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Mas é preciso olhar onde pisa…
Se, por um lado, o Brasil pode apertar o passo e ganhar vantagem nos Estados Unidos, por outro, precisa ficar atento para não tropeçar. Com as barreiras mais altas no mercado americano, os asiáticos vão precisar encontrar novos destinos para seus produtos e o Brasil pode estar bem na rota desse caminho.
"É aí que mora o perigo. Pode haver uma invasão de calçados asiáticos no nosso mercado e também nos países para onde a gente exporta", alertou Ferreira.
A Abicalçados afirmou já levou essa preocupação ao governo federal e pretende reforçar a necessidade de medidas para proteger a indústria nacional.
O Brasil tem a chance de caminhar para uma posição mais forte no comércio exterior, mas precisa usar o calçado certo para isso.
