Lula diz que não vai desvincular reajuste do salário mínimo da inflação: "Se eu apertar, estou desgraçado"
Salário mínimo voltou a ser reajustado acima da inflação durante o terceiro governo do presidente petista
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação implementada logo no começo do terceiro governo do petista. Em entrevista ao portal UOL, nesta quarta-feira (26), o chefe do poder Executivo disse que estaria "desgraçado" se tirasse do salário mínimo (R$ 1.412) a solução para os problemas fiscais do país.
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"Pelo amor de Deus, palavra 'salário mínimo' é do mínimo que a pessoa precisa pra sobreviver. Se eu acho que eu vou resolver o problema de economia brasileira apertando o mínimo do mínimo, eu estou desgraçado. Eu não vou para o céu, eu ficaria no purgatório", disse o presidente.
Lula também afirmou que não irá mexer nos termos do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Segundo o chefe do Palácio do Planalto, o auxílio para pessoas com deficiência ou idosas com renda familiar mensal per capita igual ou inferior a R$ 1.412 seguirá sendo vinculado a este valor.
O presidente citou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil três vezes maior do que as expectativas do mercado e citou que o marcador econômico precisa crescer para realizar distribuição de renda. Voltou a citar que, entre os anos 1950 e 1980, o país chegou a crescer 7,5% ao ano, mas que a má distribuição de riqueza gerou desigualdade social.
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"Quando você aumenta o salario mínimo, você tem sempre que colocar a composição inflacionária para manter o poder aquisitivo. O crescimento do PIB é para isso, é para distribuir entre os 213 milhões de brasileiros. Eu não posso penalizar a pessoa que ganha menos. 'Ah, presidente, mas são tantos trilhões de reais, mas que atendem milhões de pessoas'", disse o presidente.
Entre as falas sobre a questão do salário do trabalhador no Brasil, o presidente da República citou ainda que os empregadores precisam querer que as pessoas vivam dignamente.
"É preciso garantir que todas as pessoas tenham condições de viver dignamente. por isso que nós temos que repartir o pão de cada dia em igualdade de condições. Eu não quero que o empresário tenha prejuízo. Se ele tiver prejuízo, vai cair o emprego, eu quero que o empresário dê lucro. Mas eles precisam ter o pensamento do Henry Ford [criador da montadora americana Ford]: 'Eu quero que meus funcionários ganhem bem para que eles possam comprar nossos produtos'", disse.
Por outro lado, Lula também afirmou que o crescimento da massa salarial da população brasileira em 2023 garantiu que o indicador seguirá crescendo em 2024.
"À medida que a massa salarial crescer, e ela cresceu 11,7% em 2023 e vai crescer de novo. Nós tivemos 83% dos acordos salariais acima da inflação", acrescentou.