EUA criam 119 mil empregos em setembro, mas desemprego sobe para 4,4%
Relatório mostra perda de força na economia americana; paralisação do governo adiou divulgação dos dados

Reuters
O mercado de trabalho dos Estados Unidos registrou uma aceleração na criação de empregos em setembro, mas a taxa de desemprego subiu para 4,4%no mesmo período, indicando que a economia continua perdendo força.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (21) pelo Departamento do Trabalho, após um atraso provocado pela paralisação de 43 dias do governo norte-americano, a mais longa da história.
O setor privado abriu 119 mil vagas em setembro, revertendo a queda revisada de 4 mil postos vista em agosto. A projeção dos economistas consultados pela Reuters era de apenas 50 mil novas vagas, depois do ganho anterior de 22 mil.
Apesar do número acima do esperado, os especialistas afirmam que o ritmo de expansão é menor do que o necessário para manter a economia aquecida.
O documento deveria ter sido publicado em 3 de outubro, mas a paralisação federal impediu a coleta dos dados domiciliares usados para calcular a taxa de desemprego.
Com isso os números de outubro não chegaram a ser consolidados e as informações de outubro e novembro serão divulgadas juntas, no relatório previsto para 16 de dezembro.
O que os dados mostram sobre a tendência do mercado de trabalho?
Mesmo defasados, os dados reforçam que o mercado de trabalho vem perdendo força ao longo do ano.
Antes do apagão estatístico, o governo já havia revisado para baixo as estimativas de criação de vagas: foram 911 mil empregos a menos nos 12 meses encerrados em março.
Segundo economistas ouvidos pela Reuters, a economia americana precisa gerar entre 30 mil e 50 mil vagas por mês apenas para acompanhar o crescimento da população adulta, bem abaixo da média de 150 mil por mês registrada em 2024.
Especialistas apontam vários fatores:
- Menor oferta de mão de obra
- A redução da imigração nos últimos anos diminuiu o número de trabalhadores disponíveis.
- Avanço da inteligência artificial (IA)
- Tecnologias automatizadas têm substituído funções básicas, impactando principalmente trabalhadores com menos experiência.
- Incertezas comerciais
- Mudanças e disputas comerciais durante o governo Trump afetaram o planejamento de contratação de empresas—sobretudo pequenas e médias.
- Tarifas impostas por Trump
A Suprema Corte dos EUA analisou neste mês a legalidade de tarifas de importação aplicadas durante o governo Trump.
A discussão levantou dúvidas sobre o uso da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977, usada como justificativa para as tarifas.
Parte dos economistas considera que essas medidas aumentaram a instabilidade econômica.
Impacto sobre o Federal Reserve
O relatório atrasado pode influenciar a reunião do Federal Reserve (Fed) marcada para 9 e 10 de dezembro. Parte dos setores já vem registrando cortes de vagas, mesmo com a criação líquida positiva.
O Fed não terá acesso aos dados atualizados de novembro, que também foram adiados para 16 de dezembro.
As atas da reunião anterior (28 e 29 de outubro) mostraram que vários dirigentes temem que novas reduções nos juros comprometam o combate à inflação, o que aumenta o peso dos dados disponíveis agora.









