Estudo da UFRGS testa método simples com lonas para recuperar vegetação nativa do Pampa
Áreas do Bioma Pampa perdem vegetação nativa para plantações no RS

Matheus Valêncio
O Pampa, bioma exclusivo do Rio Grande do Sul, perde vegetação nativa devido ao avanço das plantações de soja e arroz. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desenvolveram uma técnica prática e barata para conter esse processo: o uso de lonas plásticas para suprimir plantas invasoras.
O método dispensa máquinas agrícolas e defensivos. As lonas abafam espécies exóticas como a braquiária, capim invasor que compromete o crescimento das plantas nativas. O biólogo André Osório explica que a equipe realiza a roçada do capim para preservar ninhos e espécies sensíveis e, em seguida, cobre o solo. “A gente aplica a lona por 20 a 30 dias, espera o banco de sementes germinar e repete o processo até perceber que a braquiária vem em menor quantidade do que as nativas”, afirma.
Os estudos mostram que a técnica exige poucas pessoas e baixo investimento. A bióloga Lua Cezimbra destaca que o material pode ser reutilizado diversas vezes. “É possível proteger áreas importantes para a conservação com uma técnica de fácil aplicação e custo inicial baixo”, diz.
A pesquisa foi aplicada em um refúgio de vida silvestre em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ali, a expansão da braquiária prejudicava o habitat e a oferta de alimento para animais típicos do Pampa. “A espécie invasora altera a estrutura da vegetação e afeta o espaço usado pela fauna”, afirma Cezimbra.
Os resultados já aparecem no refúgio. Com a recuperação da vegetação nativa, animais como o cervo-do-pantanal e o gato-do-mato voltaram a circular pela área.









