Cresce a procura por microcrédito produtivo no Brasil, especialmente entre trabalhadores informais
O volume de empréstimos nesta modalidade cresceu 18% no primeiro semestre deste ano
Dados obtidos com exclusividade pelo SBT revelam um aumento no uso de microcrédito produtivo no país, especialmente entre trabalhadores informais, que são os principais usuários desse tipo de empréstimo.
Lenice, cabeleireira há 14 anos, é um exemplo de quem utiliza o microcrédito para manter seu salão de beleza atualizado. Ela conheceu essa modalidade de crédito há mais de uma década e desde então recorre a esse tipo de auxílio financeiro.
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"Ter um fundo de caixa para girar quando você precisa de uma manutenção ajuda bastante", afirma Lenice.
Assim como Lenice, um número crescente de pessoas está recorrendo ao microcrédito. O volume de empréstimos nesta modalidade cresceu 18% no primeiro semestre deste ano, com mais de meio bilhão de reais sendo repassados a empreendedores (R$ 566,83 milhões), segundo informações da Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (ABCRED).
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A pesquisa indica que 75% dos tomadores são pessoas físicas, com 56% atuando na informalidade. A maioria também se destaca como bons pagadores, o que contribuiu para a redução da inadimplência, que caiu de 4,23% para 3,49%.
Segundo um especialista em finanças, o aumento no uso de microcrédito reflete a confiança dos brasileiros na melhoria da economia.
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"Isso está relacionado ao crescimento econômico, e precisamos acabar com a ideia de que tomar dinheiro emprestado é ruim. O problema é pegar um empréstimo sem um objetivo produtivo e com um custo muito alto", explica Hulisses Dias.
Os recursos do microcrédito são gerados por uma associação de empresas do terceiro setor, que obtém captações junto a bancos públicos, privados e fundos de investimentos.
O valor médio financiado é de seis mil reais, com juros de até 4% ao mês. Mesmo pessoas endividadas podem se candidatar ao microcrédito.
"Dependendo da negativação, se for um valor irrisório, o financiamento pode até liquidar essa dívida", afirma Isabel Baggio, presidente da ABCRED.