CNI critica aumento da Selic e pede mais sintonia entre políticas monetária e fiscal
Para a Indústria, BC errou ao não considerar queda do dólar e preço do petróleo. Já entidade do comércio vê medida como essencial para conter inflação

SBT News
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou o aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, na tarde desta quarta-feira (19). A taxa básica de juros do país sai de 13,25% ao ano para 14,25% ao ano, representando o maior valor do imposto em quase 10 anos.
Para a instituição que representa o setor industrial brasileiro, a elevação, além de não ser necessária para conter a inflação, prejudica o crescimento econômico. A CNI destaca, ainda, que o Banco Central desconsiderou pontos importantes e positivos para o controle esse aumento de preços como a queda no PIB, o consumo das famílias e da produção industrial, além da valorização do real e da queda no preço do petróleo.
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A Confederação também alertou que o aumento da taxa Selic já tem gerado impactos no mercado, com juros mais altos para empresas e consumidores, e ainda fez um apelo para que o governo adote medidas mais eficazes de contenção dos gastos públicos, sugerindo uma maior sintonia entre políticas monetária e fiscal para garantir a estabilidade econômica do país.
“A busca pela sustentabilidade fiscal deve ser uma prioridade de todos os poderes públicos constituídos e de toda a sociedade brasileira. Sem o comprometimento de todos, o Brasil seguirá pecando pela baixa sintonia entre política monetária e política fiscal, o que sobrecarrega a Selic e o custo do crédito, variável-chave para viabilizar investimentos e sustentar ritmo mais vigoroso de crescimento econômico”, defende Ricardo Alban, presidente da CNI.
Na outra ponta, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) considerou que o aumento dos juros está alinhado com as expectativas do mercado financeiro e com os sinais antecipados pelo Copom no final do ano passado.
Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP, embora a cotação do dólar tenha sido reduzida, a inflação continuou a acelerar, mantendo-se acima da meta estabelecida pelo governo, o que justificaria a adoção de uma postura monetária mais rigorosa.
O economista também aponta que será crucial observar o ritmo das futuras elevações da Selic, especialmente após o mês de maio, quando o Copom se reúne para discutir novo reajuste, para entender o rumo da política monetária do país.