Brasil deixa de arrecadar R$ 10,8 bilhões por ano com apostas em sites ilegais
Levantamento aponta que 61% dos apostadores usaram plataformas irregulares em 2025
Nathalia Fruet
A cada ano, o Brasil perde R$ 10,8 bilhões em arrecadação devido a apostas feitas em sites clandestinos. Em 2025, 61% dos apostadores admitiram utilizar plataformas irregulares, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva com apoio do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável.
+ Celular domina 82% das transações e Pix dispara 41%, diz Febraban
Desde a entrada em vigor da regulamentação das apostas esportivas no país, há cinco meses, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) bloqueou cerca de 13 mil sites e aplicativos irregulares. No entanto, muitos continuam operando fora do país, dificultando a fiscalização.
"Eles utilizam esse tipo de mecanismo para fugir do nosso bloqueio e a gente fica sem acesso a eles", explica Carlos Baigorri, presidente da Anatel.
A pesquisa, realizada entre abril e maio com dois mil apostadores, revela ainda que entre 41% e 51% das plataformas não seguem as novas regras impostas desde janeiro deste ano. O levantamento aponta que mais de sete em cada dez apostadores realizaram apostas em sites ilegais, como a ausência de reconhecimento facial, pagamento com cartão de crédito ou criptomoedas.
"Essas são ações que caracterizam o mercado ilegal já que não seguem a regulamentação sobre o modo de apostar" diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
O acesso ao jogo ilegal muitas vezes começa nas redes sociais.
"Hoje, temos desafios de controle das plataformas digitais que continuam promovendo conteúdo de sites ilegais. É importante apertar o cerco. Nossa proposta é criminalizar a oferta de apostas sem autorização federal." diz Fernando Vieira da Silva, presidente executivo do IBJR.
A divulgação dos dados aconteceu um dia após o governo federal anunciar o aumento da carga tributária das casas de apostas regulamentadas, que passou de 12% para 18%. A medida provisória prevê uma arrecadação de R$ 700 milhões ainda neste ano. Caso as plataformas ilegais fossem tributadas, a arrecadação poderia ser significativamente maior.
"Um incremento de arrecadação da ordem de um bilhão. Por isso, é importante combater o ilegal para dar segurança a quem está no mercado", completa Fernando Vieira.
Em nota, A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, responsável por fiscalizar e regulamentar as bets, disse que realiza o monitoramento dos jogos on-line no Brasil. Quando são identificadas plataformas ilegais, realiza procedimentos para que os acessos aos sites sejam bloqueados A fiscalização é feita em conjunto com outros órgãos, como as polícias estaduais e federal, a Receita Federal e os Ministérios Públicos dos estados e da União.