Banco Central eleva taxa básica de juros para 15%, maior patamar em 19 anos
Aumento de 0,25 ponto percentual é o sétimo seguido; Copom cita condições financeiras globais e tensões geopolíticas como argumento para alta
Vicklin Moraes
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, de forma unânime, elevar a taxa Selic de 14,75% para 15% nesta quarta-feira (18). Com o aumento de 0,25 ponto percentual, a taxa básica de juros da economia brasileira atinge seu maior nível desde julho de 2006.
+Federal Reserve mantém taxa de juros dos Estados Unidos inalterada pela 4ª reunião consecutiva
A decisão ocorre em meio à desaceleração da inflação, mas com pressão persistente em setores como o de energia elétrica. Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,26% e acumula inflação de 5,32% em 12 meses.
Desde setembro do ano passado, o Copom já elevou a Selic em sete reuniões consecutivas. Os ajustes somam altas de 0,25, 0,5, três vezes de 1 ponto e mais 0,5 ponto, antes do novo aumento anunciado hoje. Antes desse ciclo, a taxa chegou a cair para 10,5% entre junho e agosto.
As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias. No primeiro dia, são feitas análises do cenário econômico nacional e internacional. No segundo, os diretores do Banco Central definem a nova taxa.
Em comunicado, o Banco Central afirmou que o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos seguem afetando as condições financeiras globais, exigindo cautela adicional por parte de países emergentes, em um cenário de tensões geopolíticas crescentes.
“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência da atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado”, informou o Copom.
+Governo deve editar medida provisória para evitar aumento na conta de energia, diz Randolfe
O que é a taxa Selic?
A taxa Selic é o principal instrumento de política monetária do Banco Central. Ela influencia os juros cobrados em empréstimos, financiamentos e investimentos. Quando a Selic sobe, o crédito fica mais caro, o consumo e os investimentos tendem a cair, o que ajuda a controlar a inflação. Por outro lado, a alta da Selic também pode desacelerar o crescimento econômico.