Alta no preço do cacau faz ovos de Páscoa encolherem
Fabricantes também apostam em produtos com menos cacau na composição para conseguir preços mais atrativos para os consumidores

Marco Pagetti
A Páscoa de 2025 chega com um gostinho mais amargo para os amantes de chocolate. O principal ingrediente da data comemorativa, o cacau, teve uma disparada histórica de preço, afetando diretamente a produção de ovos de Páscoa e outros doces tradicionais. Nos últimos dois anos, o valor da tonelada do cacau saltou de US$ 2.800 para US$ 8.100, um aumento de 189,2%, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
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O aumento expressivo se deve a fatores climáticos e à proliferação de uma praga que comprometeu as safras em Gana e na Costa do Marfim, que, juntos, concentram cerca de 70% da produção mundial de cacau. Com menor oferta da matéria-prima, o impacto chegou às indústrias e ao consumidor final.
Mudanças na produção
Para lidar com os custos elevados, muitos fabricantes de chocolate no Brasil tiveram que adotar estratégias para tentar minimizar o repasse ao consumidor. Em uma fábrica de chocolates artesanais no ABC Paulista, a fundadora Heloisa de Barros Gennari Flauzino conta que, desde o fim do ano passado, está estocando chocolate para suavizar os impactos do aumento. "O custo subiu cerca de 60% em relação ao ano passado, então tivemos que diversificar nossas opções", explica.
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Uma solução foi apostar em produtos que contenham chocolate em sua composição, mas que não dependam totalmente da matéria-prima. Os ovos de Páscoa tradicionais deram espaço a alternativas menores e misturadas com outros ingredientes para reduzir o custo.
Menos ovos de Páscoa – e menores
A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) informou que a produção de ovos de Páscoa em 2025 foi de 45 milhões de unidades, uma queda de 22,4% em relação ao ano passado. A redução reflete o custo elevado da matéria-prima e a menor demanda do consumidor devido ao preço mais alto.
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Diante desse cenário, a professora de nutrição Patrícia Couceiro Santos alerta para a importância de observar os rótulos dos produtos. "Para um chocolate ser de fato considerado chocolate, ele precisa ter pelo menos 25% de cacau na composição. Quando há excesso de gorduras e outros aditivos, o sabor e a qualidade do produto são comprometidos", destaca.
Mesmo com os desafios, os fabricantes apostam na criatividade para garantir que a tradição da Páscoa seja mantida, mesmo que os ovos estejam menores e os preços, mais salgados para o consumidor brasileiro.