Demora na redução da Selic faz com que expectativa de vendas caia para 1,4%
Setor vem registrando queda desde abril; endividamento das famílias também dificulta crescimento
Camila Stucaluc
A demora na redução da Selic - mantida a 13,75% desde junho do ano passado - está diminuindo as expectativas do mercado econômico. No caso do setor de vendas, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo as expectativas de crescimento em 2023, passando de 1,8% para 1,4%.
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Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a atual política de manutenção dos juros em um patamar alto, aliada ao crédito caro e seletivo, dificultou o desempenho do varejo. O cenário foi evidenciado na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registrou queda de 1% do setor em maio.
O segmento de venda de artigos de uso pessoal e doméstico, por exemplo, caiu 13,1%, enquanto o de tecidos, vestuário e calçados reduziu 10,1%. Mesmo as atividades no varejo ampliado, como venda de materiais de construção e comércio automotivo, fecharam os últimos 12 meses no vermelho, com quedas de 7,8% e 1,4%, respectivamente.
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O economista Fabio Bentes pontua que o cenário pouco propício ao ganho de tração das vendas tem outro componente significativo: o elevado grau de comprometimento da renda das famílias com endividamento. Segundo última pesquisa da CNC, 78,3% das famílias afirmaram estar endividadas em maio, com 29,7% da renda comprometida com dívidas.