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Economia

71% das indústrias apontam os juros altos como vilão na busca por crédito

CNI: quase metade das empresas não tentou obter ou renovar créditos; capital de giro é o principal objetivo

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Indústria brasileira
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A maioria das indústrias instaladas no Brasil vê nas altas taxas de juros o maior vilão para obtenção de crédito. A conclusão consta no relatório Sondagem Especial Condições de Acesso ao Crédito, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta 4ª feira (7.jun). Ao todo, 71% dos industriais ouvidos no levantamento apontam os juros como principal entrave, quando a busca é por empréstimos de curto ou médio prazo; 25% criticam as exigências de garantias reais e 16% apontaram a falta de linhas adequadas à necessidade da empresa.

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Quando as respostas tratam de crédito para longo prazo, o destaque dos juros altos fica com 62% dos entrevistados; as exigências de garantias pesam para 32% das declarações - acima dos 25% de demandantes de financiamentos de curto/médio prazo - e a falta de linhas de crédito adequadas é apontada por 12% das respostas. A pesquisa ouviu 2.022 empresários sobre as condições de crédito em um período de seis meses, entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023. Considera-se curto ou médio prazo o período de até 5 anos; longo prazo, acima de 5 anos. Confira o gráfico do crédito completo abaixo:

busca por crédito

Nem tentar

Outro recorte denotativo do estado de ânimo do empresariado na busca por crédito mostra que 47% das empresas não buscaram contratar nem renovar financiamentos de curto ou médio prazo: 6% não conseguiram contratar nem renovar e apenas 28% contrataram ou renovaram linha de crédito. No caso do crédito de longo prazo, o cenário é pior: 58% não procuraram contratar nem renovar e apenas 14% conseguiram contratar ou renovar.

De acordo com o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra, "o crédito está mais caro e restrito, tanto para as empresas como para os consumidores, principalmente com os bancos mais cautelosos nas concessões", diz ele. Cenário que pode levar o industrial a simplesmente desistir da demanda. 

"Isso também explica o fato de cerca de metade das empresas não terem tentado renovar ou buscar novos empréstimos e uma parcela significativa ter renovado em condições piores ou muito piores. Também deve-se destacar que uma parte relevante das empresas que tentou renovar ou contratar crédito não conseguiu" - Fábio Guerra, CNI

Trocando em miúdos, observadas apenas as empresas que buscaram contratar ou renovar crédito, o percentual de frustração é de 19%: quase um quinto delas não conseguiu acessá-lo. No caso da contratação ou renovação de crédito de longo prazo, a frustração foi de 37%, quase o dobro, quando comparado com a frustração para o crédito de curto ou médio prazo. 

Crédito pra que te quero 

Na modalidade de crédito de curto ou médio prazo, a finalidade do crédito mais citada pelas empresas industriais foi para atender as necessidades de capital de giro: 60% das empresas buscaram financiamentos para pagamento a fornecedores, despesas com funcionários e aquisição de matéria prima. Em segundo lugar aparecem os investimentos, apontados por 21% das empresas. 

Já no crédito de longo prazo, as prioridades são:

-  Investimentos: 43% das empresas - dos quais 28% para máquinas e equipamentos, 13% em instalações e 2% em pesquisa e desenvolvimento.

- Capital de giro: 28% das empresas 

Prioridades de uso do crédito - CNI | Reprodução/SBT

Quais condições

Das empresas que renovaram crédito de curto ou médio prazo, 36% renovaram em condições piores ou muito piores, e 43% em condições semelhantes, em termos de taxa de juros, número de parcelas, período de carência, exigência de garantias. Outros 15% das empresas apontaram ter conseguido condições melhores ou muito melhores.

No longo prazo, 41% das empresas afirmaram ter renovado suas linhas de crédito em condições semelhantes, 29% em condições piores ou muito piores e 17% em condições melhores ou muito melhores. 

Caminho alternativo

Reduzir carga tributária e taxação como o IOF, por exemplo, foi a solução indicada por 36% das empresas com problema de crédito de curto ou médio prazo e por 28% das empresas com problema de crédito de longo prazo. Em segundo lugar, aparece a ampliação das linhas públicas de crédito: 25% das empresas apontaram a alternativa para o crédito de curto/médio prazo e 27% delas para o crédito de longo prazo. Em terceiro, aparece a simplificação de exigências impostas pelas instituições financeiras, mencionada por 21% das empresas em ambas as modalidades de prazo. 

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