Mais de 1,6 milhão de pessoas podem ser consumidores laranjas, diz Serasa
Golpes causaram prejuízos ao sistema financeiro de mais de R$ 2,5 bilhões no ano passado
Mais de 1,6 milhão de brasileiros podem ser considerados consumidores laranjas. A constatação está em pesquisa inédita da Serasa Experian, divulgada nesta 3ª feira (25.abr).
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De acordo com a estimativa do Banco Central (BC), os golpes no sistema financeiro brasileiro bateram a marca de R$ 2,5 bilhões de prejuízos em 2022. Em virtude desse alto valor, o BC sinalizou que estuda responsabilizar bancos por transações fraudulentas envolvendo "contas laranjas". Os criminosos responsáveis pelas fraudes "compram" dados dos perfis pessoais dos consumidores para cometer fraudes.
Veja abaixo quem é quem no processo de fraude.
Criminosos: Fraudadores que aliciam pessoas, compram seus dados e os utilizam para fins ilícitos. Exemplos: aquisição de bens ou tomada de empréstimos sabidamente com intenção de não pagar; abertura de contas bancárias para realizar lavagem de dinheiro. Os fraudadores também usam dados vazados ou roubados para criar uma conta laranja, além de invadirem contas com objetivo de fraudes bancárias. Eles atuam para jamais serem pessoalmente identificados.
Laranja amigo/familiar: Emprestam seus dados para os fraudadores, muitas vezes sem nem saber como e para que serão utilizados. Há casos em que a pessoa tem seus dados roubados para que um amigo ou familiar crie uma conta bancária e a movimente. De todas as contas laranjas, 70% são contas alugadas com consciência ou coparticipação do titular. O restante são vítimas que têm seus dados roubados.
O que quer dinheiro fácil: Indivíduo que vende ou empresta seus dados para ser utilizado para finalidade de fraude e recebe benefícios em troca. Neste caso, há dois tipos de perfis: o doador de dados e o gestor de dados.
Vítima: Pessoa que teve seus dados roubados e utilizados para abertura de atividades laranja sem conhecimento.
Quem corre mais risco?
Geralmente, as pessoas mais sujeitas a sofrerem este tipo de golpe são pessoas sem históricos no mercado de crédito, trabalhadores informais, jovens negativados, idosos, pessoas com baixo nível de escolaridade e moradores de regiões com baixa infraestrutura.
"Parceria"
O cliente de uma instituição financeira, seja por meio de conta corrente seja por cartão de crédito, por exemplo, pode se ve envolvido em fraudes desse tipo inadvertidamente. Mas há casos de pessoa co-participantes das fraudes.
Veja os perfis e métodos mais frequentes:
- Abertura de nova conta: o usuário empresta ou vende os dados para o fraudador criar uma conta.
- Conta existente: o usuário aluga ou faz a gestão da conta.
- A movimentação financeira pode ser realizada pelo usuário ou pelo fraudador. Ou seja, neste tipo de fraude, nem sempre o cliente da instituição financeira é a vítima, pois ele pode estar envolvido no crime. A conta laranja também é utilizada para emitir cartões de crédito, fazer compras, solicitar empréstimos e fazer transferências de dinheiro de origem ilícita via Pix.
Importante: os especialistas apontam o Pix como ferramenta que pode tornar os clientes financeiros muito mais vulneráveis às fraudes.
"O Pix tem sido um mecanismo de golpes de contas laranjas, pois facilita ao fraudador realizar múltiplas transferências de valores para diferentes instituições financeiras instantaneamente, o que torna difícil rastrear os montantes. Por isso, é importante que empresas, consumidores e organizações atuem juntos, com meios de proteção em camadas, para combater à fraude" - Caio Rocha, diretor de Produtos e Prevenção à Fraude/Serasa Experian
Dicas de proteção
- Os seus dados são - e devem continuar sendo - exclusivamente seus;
- Jamais venda seus dados;
- Jamais permita que um amigo ou familiar utilize seus documentos e conta bancária;
- Garanta que seu documento, celular e cartões estejam seguros e com senhas fortes para acesso aos aplicativos;
- Cadastre suas chaves Pix apenas nos canais oficiais dos bancos, como aplicativo bancário, Internet Banking ou agências;
- Não forneça senhas ou códigos de acesso fora do site do banco ou do aplicativo;
- Monitore o seu CPF com frequência para garantir que não foi vítima de qualquer fraude do Pix.
Como as empresas podem evitar esse tipo de fraude?
As fraudes também podem atingir as Pessoas Jurídicas, as empresas, que igualmente sofrem com os prejuízos causados pelos golpistas. A seguir, cuidados que podem ajudar a evitar problemas.
- 1) Tenha uma estratégia de autenticação contínua para identificar perfis de risco.
- 2) Valide os riscos durante a criação de contas online.
- 3) Faça gestão na identificação e monitoramento de bases de clientes.
- 4) Faça gestão transacional, isto é, a detecção de possíveis laranjas em transações e operações digitais.
- 5) Verifique cadastros. Contar com uma base de dados do cliente é essencial para reforçar a segurança de operações online.
- 6) Consulte o perfil do seu cliente. Conhecer o cliente é, sem dúvida, uma das maneiras mais eficientes de se evitar fraudes online. Quando a empresa é capaz de avaliar o histórico do consumidor no mercado, status do seu CPF ou CNPJ, os seus hábitos e a existência de pendências em seu nome, por exemplo. Fica muito mais fácil e seguro avaliar os riscos de uma operação.