Campos Neto defende juros altos para combater inflação persistente
Presidente do BC voltou a alegar que taxa da Selic é resultado de análise técnica da autarquia
André Anelli
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender a atual taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75% ao ano. Convidado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para prestar esclarecimentos a respeito do tema, o dirigente da autarquia elencou motivos que impedem a queda da inflação e, consequentemente, da taxa de juros, mecanismo usado para controlar a perda do poder de compra.
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Pelo menos três fatores foram destacados por Campos Neto, como responsáveis pela inflação persistente, que inviabiliza a baixa na taxa de juros:
- Descontrole das contas públicas no médio e longo prazo
- Baixo nível de recuperação de crédito no Brasil
- Alto volume do crédito direcionado com juros subsidiados
Diante das alegações, Campos Neto disse que não existe solução instantânea para a queda da Selic.
"É muito importante a gente entender que não tem mágica no fiscal [contas públicas] e, infelizmente, nem bala de prata. Se não tiver as contas em dia, em perspectiva a gente não consegue melhorar", disse.
Campos Neto também alegou que o controle da taxa de juros, com base na expectativa da inflação, trata-se de instrumento de controle econômico com efeitos duradouros, que são possíveis por meio do que chamou reiteradas vezes de análises técnicas e apartidárias. "O Banco Central tem horizonte de atuação técnico que difere por muitas vezes do ciclo político, mas que maximiza o resultado para a sociedade no longo prazo", afirmou.
Críticas
Apesar das explicações, Campos Neto tem sido alvo constante do Presidente Lula, por conta da taxa de juros. A última crítica foi feita durante viagem a Portugal, na 2ª feira (24.abr). O governo federal defende que a política monetária do Banco Central atrapalha o desenvolvimento do país, já que deixa o crédito mais caro para a tomada de investidores, que podem preferir a renda fixa atrelada à taxa de juros.
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