Classe média foi a que mais perdeu rendimentos por conta da pandemia
Pesquisa da FGV revela aumento da desigualdade no país
Nara Bandeira
A desigualdade no Brasil é maior do que se conhecia. É o que aponta uma pesquisa inédita, divulgada nesta 2ª feira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os dados mostram que há três anos, por causa da pandemia, a classe média foi a que mais perdeu rendimentos.
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A pesquisa fez um cruzamento dos dados do Imposto de Renda de pessoas físicas com a PNAD contínua do IBGE, que também calcula a renda do brasileiro. As informações são referentes a 2020.
O índice que mede a desigualdade ficou em 0,7068, bem acima do que foi calculado pelo IBGE (0,6013). Nessa escala, quanto mais perto de um, maior é a distância entre ricos e pobres.
De acordo com a pesquisa, os programas sociais do governo mantiveram a renda dos mais pobres, mas não diminuíram a desigualdade.
O Pará tem a segunda pior média de renda de todo o país (R$ 507,00), fica atrás de Alagoas e na frente só do Maranhão (R$ 409,00). Os melhores rendimentos estão no distrito federal (R$ 3.148,00), em São Paulo (R$ 2.093,00) e no Rio de Janeiro (R$ 1.754,00). Os dados revelam, ainda, que a classe média foi a que mais sofreu por causa da pandemia, por não ter auxílio do governo nem renda para proteger o padrão de vida conquistado.
De acordo com os pesquisadores, os dados do estudo podem servir de apoio para o governo federal desenvolver políticas públicas, como ações de transferência de renda, educação e saúde, que beneficiem não só os mais pobres, mas também outras camadas da sociedade.
"Um sistema de tributação que seja mais progressivo, que seja sobre renda, sobre patrimônio, sobre herança, que realmente cobre entre aqueles que tem maior renda e patrimônio e não pro grupo que é relativamente desprovido disso que é a classe média", diz Marcelo Neri, pesquisador da FGV Social.
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