Intenção de Consumo das Famílias é a maior desde abril de 2020, diz CNC
Índice ficou em 93,9 pontos em janeiro; patamar ainda indica percepção de insatisfação
Guilherme Resck
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cresceu 1,3% neste mês, em comparação com a registrada em dezembro, e chegou a 93,9 pontos - o maior patamar desde abril de 2020. O anúncio foi feito nesta 3ª feira (31.jan) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Frente ao nível observado em janeiro de 2022, a intenção de agora é 23,1% superior.
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A pesquisa nacional de ICF é feita mensalmente pela entidade. "Os resultados medem o grau de satisfação e insatisfação dos consumidores, em que o índice abaixo de 100 pontos indica percepção de insatisfação, enquanto acima de 100 (com limite de 200 pontos) indica satisfação", complementa a CNC. São aplicados 18 mil questionários. Os dados de consumidores são coletados em todas as unidades federativas (UFs) e compilados em sete indicadores, sendo três sobre as condições atuais (emprego, renda e nível de consumo), dois sobre expectativas para três meses à frente (perspectiva de consumo e perspectiva profissional) e a avaliação do acesso ao crédito e momento atual para aquisição de bens duráveis.
Em janeiro, a perspectiva de consumo foi o indicador que mais cresceu ante o patamar de dezembro: 2,7%. Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, desde outubro último essa expectativa "tem se mostrado mais positiva do que o consumo propriamente dito". Na comparação com janeiro do ano passado, o item da ICF que teve o maior aumento no primeiro mês de 2023 foi a perspectiva profissional: 25,1%.
A satisfação com a renda atual subiu 2% em janeiro, ante o resultado de dezembro, e 31,8%, ante o do primeiro mês de 2022. De acordo com a CNC, "aproximadamente 39% dos entrevistados afirmaram estar recebendo o mesmo valor do ano passado, e cerca de 35% tiveram melhora da renda. Para 25,6% dos entrevistados, a renda piorou".
Renda
A intenção de consumo entre as famílias com salários mais baixos subiu 1,9%, na comparação com dezembro, chegando a 91,2 pontos - também o maior patamar desde abril de 2020. Segundo a economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, os consumidores de rendas média e baixa acreditam que as condições de consumo vão melhorar nos próximos meses. "Uma das causas do otimismo é a ampliação do principal programa de transferência de renda do governo, com o pagamento do valor mínimo de R$ 600,00, além do incremento de R$ 150,00 por criança até seis anos", afirma a especialista.
Entre as famílias de maior renda, por outro lado, a intenção de consumir caiu 1% neste mês, ante o número de dezembro, indo a 107,7 pontos. Conforme Izis, "os consumidores desse grupo estão menos satisfeitos com o nível de consumo atual, pois estão pagando mais pelos serviços em geral, e mais descontentes com a perspectiva profissional e com o acesso ao crédito, que está mais caro e seleto".
Gênero
A intenção de consumo avançou 3,3% em janeiro entre as mulheres, na comparação mensal, e 26%, na comparação anual, chegando a 91,4 pontos. Já entre os homens, ocorreram altas de 2,7% e 23,1%, respectivamente, indo a 96,2 pontos.