Cebds cria plataforma para medir impacto na natureza e acelerar soluções
Natura, Petrobras, Vale, Bracell, Suzano, Eletrobras e Renner já são parte do projeto de conselho empresarial
Pablo Valler
Assim como o problema do aquecimento global ganhou verdadeira atenção quando o mercado financeiro resolveu apoiar a causa, criando o ESG (que mensura os impactos no meio ambiente, na sociedade e nagovernança), a iniciativa privada, em comparação à pública, pode ser a grande defensora de um importante regulador ambiental, a biodiversidade. Para apoiar nas duas frentes, tanto com o mercado quanto com a população -- incluindo nós humanos, a fauna e a flora -- o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) lançará a Plataforma de Ação pela Natureza.
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"O CEBDS vai apoiar as empresas que querem estar na vanguarda da gestão consciente da biodiversidade, utilizando metas científicas e ferramentas de reporte. Queremos oferecer aos associados a possibilidade de alinhamento setorial e territorial de prioridades. As empresas brasileiras entendem a urgência e importância de agir imediatamente e de forma coordenada", comenta Ricardo Mastroti, diretor executivo do CEBDS.
São dois eixos de atuação: Impacto Positivo e Soluções Climáticas Naturais. A plataforma foi lançada em parceria com a TNFD (Taskforce on Nature-related Financial Disclosure) e o WBCSD (World Business Council for Sustainable Development).
O primeiro, de Impacto Positivo, contará com um grupo de empresas que, coletivamente, divulgarão as finanças relacionadas à natureza (TNFD). Estão inclusos impactos em três setores: energia, uso da terra (incluindo alimentos, agricultura e silvicultura) e infraestrutura, cujas cadeias de valor representam cerca de 90% da pressão sobre a biodiversidade.
O grupo desenvolverá ainda um mapa de sobreposição geográfica de suas dependências e impactos. "Dados alarmantes como o fato de termos 70% do ecossistema terrestre e 66% do marinho significativamente alterados, as empresas precisam entender como mitigar e adaptar os seus processos de forma transparente, coletiva e colaborativa", considera Henrique Luz, gerente técnico do CEBDS.
O segundo eixo, de Soluções Climáticas Naturais, será pilotado na Amazônia, onde se pode fornecer até 37% das reduções de emissões necessárias para limitar o aquecimento global a 2°C. Para ganhar escala, serão trabalhadas as Soluções Baseadas na Natureza (SbN), gerando créditos de carbono.
O gerente técnico do Cebds analisa que "há a necessidade financeira e regulatória de que as empresas definam metas de neutralidade de carbono. Jornada que começa por descarbonizar as emissões das operações. Porém, ?zerar? não é possível, assim a demanda por créditos de carbono voluntários cresce exponencialmente. A regulamentação deste mercado caminha a passos largos, mas a oferta deste tipo de créditos ainda é limitada".
Para participar do programa, as empresas tem até março de 2023 para se inscrever junto ao Cebds. Já estão confirmadas Natura, Petrobras, Vale, Bracell, Suzano, Eletrobras e Renner.
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