Hacker detalha proposta de golpe da urna à CPMI do 8/1: "Recebi carta branca"
Delgatti diz ter atuado para buscar fragilidade no sistema eleitoral com promessa de indulto de Bolsonaro
O hacker Walter Delgatti Neto, que está preso pela Polícia Federal por invasão de sistemas de Justiça, afirma ter recebido "carta branca" para buscar fragilidades no sistema eleitoral brasileiro durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro, Delgatti relata ter recebido a autorização para cometer atos ilícitos. "Eu poderia, segundo ele [Bolsonaro], cometer um ilícito que seria anistiado, perdoado", afirma Delgatti.
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De acordo com Delgatti, a autorização foi concedida pelo próprio ex-presidente. Ele também diz que o presidente citou possibilidade de ruptura em meio aos pedidos.
"Ele [Bolsonaro] falava que eu precisava fazer isso pela liberdade do povo, tinha aquela manipulação, se não o resultado será a ruptura e será um resultado ruim para todos nós. E fazia uma comparação à Venezuela", relata o hacker.
Delgatti ainda diz que as observações levantadas por ele durante encontros que teve no Ministério da Defesa formaram o relatório de questionamento às urnas eletrônicas encaminhado no último ano ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele relata não ter escrito o documento, mas que todas as informações contidas nele foram as apontadas durante os encontros.
Código Fake
O hacker ainda destacou um pedido para que ele invadisse o sistema do TSE, e, ao não conseguir, criasse um código-fonte falso para urnas eletrônicas que seria apresentado pelo governo durante a campanha. O plano não foi adiante, mas ele diz que a intenção era criar um sistema que simulasse mudança em votos na urna.
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"Realizando 20 votos [no número] 22 e 20 votos no 13, o 13 teria 30 [votos computados], por exemplo", relata Delgatti. Essa simulação seria elaborada em um vídeo, a ser divulgado ou no Sete de Setembro, ou em campanha política.
Delgatti ainda afirma ter sido questionado por Bolsonaro a respeito de possíveis falhas em urnas eletrônicas, e que não conseguiu fazer o processo: "Eu disse que o código-fonte da urna hoje fica em um computador que não tem internet. Uma invasão de fora seria impossível".
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