PL defende adiamento da votação da PEC da reforma tributária, dizem líderes
Se for mantida para esta 5ª feira, maioria dos deputados da sigla votarão contra
SBT News
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, disse, ao deixar a reunião do Partido Liberal em Brasília, na manhã dessa 5ª feira (6.jul), que a inelegibilidade de Bolsonaro, a união da direita e a PEC da reforma tributária prevista para ser votada hoje foram assuntos abordados no encontro.
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"A reforma tributária dominou o nosso assunto", afirmou. A reunião continua. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) também participou. Na 4ª feira (5.jul), o ex-ministro da Infraestrutura disse ser a favor de 95% da PEC, mas, segundo Jordy, no encontro de hoje, sinalizou que da forma que se encontra o texto, não dá para votá-lo.
"Não teve como não falar a respeito da reforma tributária [na reunião]. O Tarcísio está incomodado com vários pontos que o relator ainda não atendeu. E ele sinalizou que da forma que está, isso é o sentimento nosso também, não dá para votar. Porque são 142 páginas, muitos pontos conturbados, divergentes, e que não temos tempo hábil para em um dia conseguir analisar tudo isso. E se for dessa forma, nós vamos fechar questão contra".
De acordo com Jordy também, o PL pediu a Tarcísio para retirar o fechamento de questão do Republicanos para votar a favor da PEC. "Nós [PL e o governador] somos o governo que mais promoveu reformas no país, nós queremos uma reforma tributária, mas não essa da forma que está", ressaltou.
O governador de São Paulo vai conversar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a necessidade de modificar pontos e mais tempo de discussão. "De colocarmos para que a gente possa votar essa reforma depois do recesso, não agora à toque de caixa. 142 páginas é inviável", acrescentou Jordy.
Ao deixarem a reunião, os deputados Ricardo Salles (PL-SP) e Domingos Sávio (PL-MG), e os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Carlos Portinho (PL-RJ) -- líderes da oposição e do PL no Senado, respectivamente -- disseram também que a sigla defende o adiamento da votação da PEC e que, se ocorrer hoje, ao menos a maioria dos deputados do PL votarão contra.
"O que ficou claro aqui de toda a discussão é que, primeiro, o governo que é responsável por transformações, por mudanças, por marcos foi o governo Bolsonaro. Essa proposta de reforma tributária começa no governo Bolsonaro. A base dela toda é a PEC 110, é a PEC 45. Mas nunca foi no atropelo como a gente está vendo agora. Não é possível a Câmara votar, no apagar das luzes, de um dia para o outro, mais de não sei quantas páginas de uma reforma que está sendo ajustada", afirmou Portinho.
"O que eu digo e foi esclarecido lá em cima é que podem os governadores se ajustarem, pode o setor da indústria se ajustar, pode o setor até do comércio e dos serviços, que está prejudicado, se ajustar. Mas, acima de tudo, o que a gente tem que saber é qual o impacto sobre a população, sobre o trabalhador, sobre a classe média, que não aguentam mais pagarem tributos".
O PL votará contra a PEC, se a votação ocorrer hoje, pontuou, "pela falta de tempo e de estudo de impactos principalmente sobre a carga tributária, sobre a população". Ele reforçou que o Partido Liberal é a favor de uma reforma tributária, sim, e que é possível votar a proposta ainda este ano.
Participam da reunião no Complexo Brasil 21, em Brasília, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, presidentes de diretórios da sigla, deputados federais, senadores e deputados estaduais, além de Bolsonaro e Tarcísio.
De acordo com Marinho, o governador, "de uma maneira extremamente responsável, colocou a necessidade de fazermos as alterações necessárias para que esse texto possa levar em consideração a necessidade que o Brasil tem de uma nova legislação. Mas uma nova legislação que tenha a responsabilidade de quem vai votar nela de conhecermos o texto".
Em suas palavras também, "o texto, na verdade, foi divulgado preliminarmente há pouco mais de dez dias. Ao longo desse período, ele vem sofrendo uma série de alterações. Hoje ainda a notícia é que às 18h, 19h, será liberada uma versão final. A expectativa é que seja de mais de 140 páginas. Qualquer deputado que, porventura, vá proferir o seu voto num projeto dessa magnitude, dessa importância, necessariamente precisa entender quais são as suas consequências".
O PL defende o adiamento da votação da PEC da reforma tributária, disse, "por uma questão de absoluto bom senso. É um texto muito complexo em que as negociações estão ocorrendo a toque de caixa".