Pressão de deputados por cargos cobra dívida de Lula por apoio em 2022
Parlamentares avaliam que presidente nomeou só aliados diretos
Lis Cappi
Com 403 currículos na mesa, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer se aproximar do Congresso e planeja avançar nas indicações do 2º e 3º escalão da Esplanada, além de postos regionais e em secretarias. O pedido foi feito pelo chefe do Executivo aos ministros em reunião na última semana, e coincide com aumento da pressão imposta por deputados para indicações no governo.
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Na avaliação de parlamentares ao SBT News, o movimento veio com atraso. Deputados consideram que a análise de nomes para os cargos foi seletiva, e atingiu apenas partidos do centro.
"As nomeações só saem para aliados, mesmo com Lula tendo sido eleito pelo centro democrático", avaliou um vice-líder partidário na Câmara, que lembrou do apoio concedido por outros partidos no período de candidatura de Lula.
Também há a consideração de que a falta de celeridade no processo prejudicou a construção de uma base de apoio sólida do governo no Congresso.
Segundo os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, os nomes que estão na espera devem avançar o mais rápido possível, em uma força-tarefa para nomeações. A decisão antecedeu, em uma semana, o início da discussão da proposta de novas regras fiscais no Senado -- prevista para a próxima 3ª feira (20.jun). O governo também prepara o texto de reforma tributária, e quer a votação na Câmara na primeira semana de julho.
Nomeações a apoiadores
Paralelo aos pedidos, apoiadores do governo também aguardam por nomeações. O empresário Inácio Melo, casado com a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), é cotado, há meses, para a presidência do Serviço Geológico do Brasil, ligado ao Ministério de Minas e Energia.
Eliziane é relatora na Comissão Parlamentar de Inquérito das invasões aos Poderes, a CPMI do 8 de janeiro. A indicação ainda não foi oficializada.
As representações dos empregados das 13 associações locais do Serviço Geológico do Brasil-Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB-CPRM), a Coordenação Nacional das Associações de Empregados da CPRM (CONAE) e a Associação dos Geólogos e Engenheiros da CPRM (AGEN) enviaram uma carta aberta à Casa Civil da presidência da República na qual se posicionam veementemente contrários à indicação de Inácio Melo.
O documento afirma que Melo "acumula diversas inconformidades de cunho penal e tributário, destoantes da exigência por um indicação ilibada de referência para os empregados desta companhia". E completam dizendo que "constam ações judiciais em curso e arquivadas referentes a crimes ambientais e uso de documentos falsos" supostamente cometidos pelo marido da senadora.
Por fim, os servidores contrários ao nome de Inácio Melo para a vaga informam, na carta, que ele não tem "formação para o cargo pretendido, sendo formado em administração, além de não ter conhecimento prévio e/ou experiência na área de geociências ou mesmo relacionadas ao setor mineral".
Ministério do Turismo
Na esteira das reivindicações também está o pedido do União Brasil pelo Ministério do Turismo, que colocou a ministra Daniela Carneiro na berlinda. Uma troca de comando é dada como certa e deve se concretizar após viagem de Lula à Europa nesta semana.
A aposta do partido para substituí-la é o deputado Celso Sabino (PA), que também ganhou apoio dentro do estado. No sábado (17.jun), o governador Helder Barbalho (MDB) afirmou, publicamente, que o nome seria bem-vindo.
"Eu quero dizer, presidente, se o Pará tiver mais um ministro nós não vamos achar ruim, porque fortalece o nosso estado. Caso a sua decisão seja essa, o Celso representará todos nós, junto com o ministro Jader [Filho, das Cidades], para que o Pará possa estar fortalecido na nossa sociedade", declarou. Lula e a comitiva presidencial estavam ao lado do governador, em evento no Pará.
O União, que ainda divide apoio ao governo no Congresso, tem três ministérios, e defende a mudança no Turismo desde o pedido de desfiliação de Daniela Carneiro.