Publicidade

Após reeleição, Lira diz que Câmara não acolherá atos contra democracia

Deputado defendeu ainda que Poderes fiquem nos seus respectivos "quadrados constitucionais"

Após reeleição, Lira diz que Câmara não acolherá atos contra democracia
Arthur Lira fala ao microfone (Reprodução/YouTube)
Publicidade

No discurso de posse como presidente da Câmara dos Deputados, nesta 4ª feira (1º.fev), Arthur Lira (PP-AL) classificou a data como "a prova de que o Brasil é uma democracia madura, preparada e feita por uma ampla maioria de pessoas que luta e defende a liberdade, o direito ao contraditório, a esperança num futuro de prosperidade e na melhoria na vida do povo brasileiro".

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

Segundo o parlamentar, a diversidade cultural do Brasil só é possível porque a nação é democrática, e não há espaço no País para quem atenta contra os Poderes da República, "que simbolizam a nossa democracia".

"Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar, terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Para aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro, haverá, sim, o rigor da lei", prometeu Lira.

O presidente da Câmara ressaltou ainda que "a baderna de alguns atacando materialmente" a democracia não tirará a presença desta na "vida do dia a dia do espírito dos brasileiros". Dirigindo-se aos "vândalos e instrumentadores do caos que promoveram o 8 de janeiro passado", quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas, Lira disse que a democracia é o único regime político que prosperará no País. "Jamais haverá um Brasil sem eleições livre e representantes escolhidos pelo voto popular. Jamais haverá um Brasil sem liberdade", pontuou.

Entretanto, para preservar esses valores democráticos, acrescentou o parlamentar, a classe política, o Judiciário, a imprensa e segmentos sociais e empresariais precisam fazer uma autocrítica. "O processo de criminalização da política, iniciado há quase uma década, abalou a representatividade de diversas instituições e seus representantes. Transformaram denúncia que deveriam ser apuradas sobre o manto da lei em verdadeiras execuções públicas. Empresas foram destruídas, empregos foram ceifados, reputações jogadas na lata do lixo. Esses atos, muitas vezes, burlaram as leis, o direito à defesa e foram o estopim para um clima hostil em relação à política", justificou.

Nesse período de quase uma década, de acordo com Lira, houve um acirramento de opiniões, que fez amigos virarem inimigos, dividiu famílias, causou mortes e colocou em risco a atividade e a vida de entes públicos. Para o deputado, culpar apenas os indignados com a política "por esse clima de ódio", porém, é diminuir o problema.

"Todos temos que assumir nossas responsabilidades, fazer autocrítica e trabalhar para mudar definitivamente este ambiente nefasto. Não devemoss mais tolerar que presidentes, parlamentares, ministros, dirigentes políticos ou qualquer cidadão sejam ameaçados nem física, nem virtualmente por radicais, seja qual for sua vertente ideológica, apenas por divergência de opinião. A essência do brasileiro, nossa civilidade, educação e respeito ao próximo não pode se perder diante da escalada de uma suposta polarização".

Quadrado constitucional

Conforme Lira, é chegado o momento de desinflamar o Brasil, distensionar as relações e de os Poderes, que devem dar o exemplo, ficarem nos seus respectivos "quadrados constitucionais, para voltarmos a ver Poderes articulando, interagindo, com a clareza exata de onde termina o espaço de um e onde começa o espaço do outro".

"Vamos continuar trabalhando, ouvindo as ruas, assumir responsabilidades e não cometer os erros do passado, para que o fatídico 8 de janeiro não venha mais a acontecer nunca mais. O momento pede o debate de ideias, de fazer reformas importantes para o Brasil continuar se  desenvolvendo. Vamos refazer laços", complementou.

Poder moderador

Ainda no discurso, Lira chamou o Legislativo de Poder moderador da República: "Não dá mais para usurpar prerrogativas, interferir em decisões amplamente debatidas, votadas e aprovadas. O Legislativo, sim, é o Poder moderador da República e assim continuará sendo. Não dá mais para que a decisões tomadas nesta Casa sejam constantemente judicializadas".

Ele expressou desejo de que a nova legislatura na Câmara, iniciada nesta 4ª feira, seja "produtiva e participativa, fiel ao princípio da maioria". Além disso, disse que a Casa tem pela frente "um enorme desafio", que é rever o modelo tributário do Brasil, classificado por ele como "complexo e, por vezes, injusto".

A Câmara, prometeu o deputado, permanecerá autônoma e cumpridora do seu papel com o povo, enquanto for presidente e defendeu o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, entre outras medidas: "Precisamos fortalecer o SUS, tão fundamental nos últimos anos de pandemia. De garantir os direitos das minorias, de garantir uma educação de qualidade, e sintonizada com o mercado de trabalho desse novo milênio. Sabemos que o cobertor é curto, e as necessidades sociais são gigantes, mas é justamente para isso que o Brasil conta com a gente. Somos 513 cabeças que, com muita maturidade, diferentes ângulos de visão e trajetórias de vida, vamos ajudar a construir soluções que evitem o populismo fiscal e melhorem a vida dos brasileiros"

De acordo com Lira, a Câmara terá sucesso à medida em que encontrar o ponto de equilíbrio entre o social e o econômico. "O mesmo vale quando falamos de meio ambiente. Sabemos o valor da preservação da nossa Amazônia, do Pantanal, da Mata Atlântica, dos nossos rios, lagoas e mares, mas devemos também olhar para os povos que dependem da exploração correta dessas regiões. Nossos povos originários precisam da mão protetora do Estado, da assistência e da solidariedade de todos e todas. Da mesma forma, temos que olhar com responsabilidade para quem produz, planta e colhe o nosso alimento. O agro nos orgulha e nos fez celeiro do mundo", afirmou.

Militares

Em determinado momento do discurso, o deputado falou sobre as Forças Armadas. Segundo ele, "no que pese possíveis omissões e erros pontuais que aconteceram no 8 de janeiro e estão sendo apurados", o conjunto delas reconhece a obediência ao poder civil escolhido democraticamente em eleições livres". "Assim que tem que ser e assim será".

Confira a íntegra:

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

portalnews
sbtnews
congresso
câmara dos deputados
arthur lira
discurso
posse
democracia
constituição
poderes
ataques
legislatura
medidas
autocrítica
militares
poder moderador
guilherme-resck

Últimas notícias

Cuidadora é presa suspeita de dopar idosos para furtar residências

Cuidadora é presa suspeita de dopar idosos para furtar residências

Polícia apreendeu uma air fryer, forno elétrico, perfumes importados e outros itens roubados pela mulher
Mega-Sena: confira dezenas sorteadas para prêmio de mais de R$ 100 milhões

Mega-Sena: confira dezenas sorteadas para prêmio de mais de R$ 100 milhões

Prêmio acumulou 8 vezes seguidas na última terça (29)
Casos de HIV no Rio: Tribunal de Contas determina que governo suspenda pagamentos para laboratório

Casos de HIV no Rio: Tribunal de Contas determina que governo suspenda pagamentos para laboratório

PCS Lab Saleme permitiu que órgãos infectados por HIV fossem transplantados
PF diz que deve concluir investigações sobre 8 de janeiro ainda neste mês

PF diz que deve concluir investigações sobre 8 de janeiro ainda neste mês

Ataques aos Três Poderes aconteceram em 2023; PF já apontou que houve falhas na segurança
Catástrofe na Espanha: Entenda fenômeno climático que fez chover volume previsto para 1 ano em 8 horas

Catástrofe na Espanha: Entenda fenômeno climático que fez chover volume previsto para 1 ano em 8 horas

Fenômeno climático e seca prolongada explicam a tragédia que deixou ao menos 205 mortes
Em menos de 24 horas, dois policiais militares são baleados em São Paulo; um morreu

Em menos de 24 horas, dois policiais militares são baleados em São Paulo; um morreu

PM morto foi vítima de latrocínio na Marginal Tietê, na região da Barra Funda. O segundo agente foi baleado na zona Sul da capital durante assalto
Caso Igor Peretto: Trio amoroso planejou morte de empresário também por dinheiro, afirma MP

Caso Igor Peretto: Trio amoroso planejou morte de empresário também por dinheiro, afirma MP

Irmã, cunhado e esposa foram denunciados por homicídio qualificado; empresário foi morto a facadas, em Praia Grande, litoral paulista
Polícia prende primeiro integrante da Mancha Verde envolvido em morte de cruzeirense

Polícia prende primeiro integrante da Mancha Verde envolvido em morte de cruzeirense

Na casa do suspeito, foram apreendidos dois capacetes, roupas da torcida organizada e uma barra de ferro
Dólar dispara e chega a R$ 5,87; valor é o mais alto desde 2020

Dólar dispara e chega a R$ 5,87; valor é o mais alto desde 2020

Espera por corte de gastos, no Brasil, e proximidade das eleições dos EUA são apontados como fatores que influenciaram alta
Metade dos municípios brasileiros tem nível baixo de desenvolvimento sustentável

Metade dos municípios brasileiros tem nível baixo de desenvolvimento sustentável

Apenas 1,6% das cidades atingiram nível alto na classificação
Publicidade
Publicidade