Paciente da Prevent Senior diz à CPI da Covid que se considera um sobrevivente
Plano de saúde tentou interromper o tratamemento dele na UTI, mas a família não permitiu
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, nesta 5ª feira (7.out), Tadeu Frederico Andrade, cliente do plano de saúde Prevent Sênior, disse que se considera um sobrevivente. "Tive uma maravilhosa chance de ter sobrevivido e, por isso, não posso me omitir", declarou aos senadores. Beneficiário há oito anos da Prevent Senior, ele se emocionou ao relatar momentos do período em que ficou internado.
De acordo com o depoente, após uma consulta por telemedicina, que durou cerca de 10 minutos, ele recebeu do plano de saúde o chamado kit covid, que foi enviado para a casa dele. O kit é um conjunto de medicamentos como ivermectina e hidroxicloroquina, fármacos que, comprovadamente, não funcionam para tratamento ou prevenção da covid-19. Naquele momento, Andrade ainda apresentava sintomas leves, como febre e dores no corpo.
Após tomar o coquetel de remédios, o quadro dele piorou. Em 30 de setembro, deu entrada no pronto-socorro conveniado da Prevent Senior, com diagnóstico de pneumonia bacteriana avançada. Andrade foi entubado e ficou na UTI por cerca de 30 dias. No período de internação do paciente, a médica Daniela de Aguiar Moreira da Silva entrou em contato com uma das filhas dele para avisar que o paciente seria submetido a "cuidados paliativos", com a interrupção da hemodiálise e dos tratamento com antibióticos.
"Seria ministrada uma bomba de morfina e todos os meus equipamentos de sobrevivência na UTI seriam desligados. Inclusive, se eu tivesse uma parada cardíaca, teria a recomendação para não haver reanimação. Ofereceram me passar para um 'leito híbrido' onde eu teria mais dignidade e conforto, e disseram que meu óbito ocorreria em poucos dias", explica Tadeu.
O paciente diz que só está vivo por causa da decisão das filhas, que não aceitaram a orientação da médica para interromper o tratamento hospitalar.