Reale Júnior: quadro para impeachment é "mais grave que anteriores"
Para jurista, presidência de Bolsonaro foi "cúmplice do vírus" e focou em processos eleitorais futuros
Gabriela Vinhal
O jurista Miguel Reale Júnior disse nesta 4ª feira (15.set), a senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que os motivos para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) são "de uma gravidade exponencial" e que o cenário é "mais grave" do que os quadros de afastamentos anteriores.
"O quadro é desolador. Se formos olhar os impeachments anteriores, esse é de uma gravidade exponencial, pois se colocou em risco um número enorme de brasileiros para salvar a economia, de olho em processos eleitorais futuros", afirmou Reale, em reunião com parlamentares. O jurista é coordenador do grupo de juristas que apresentou, no fim desta tarde, um parecer que sugere ao menos sete crimes de Bolsonaro durante a pandemia.
Para Reale, a presidência de Bolsonaro foi "cúmplice do vírus", porque adotou uma "lógica perversa" de combate à covid-19, além de ter desestruturado o sistema de saúde público. Segundo o jurista, as ações do presidente foram pensadas e seguiram a retórica negacionista.
Entre os crimes de Bolsonaro apontados pelo grupo estão: crimes de responsabilidade; de saúde pública; contra a administração pública e contra a humanidade. Além da recomendação de medicamentos sem eficácia comprovada, a defesa da "imunidade de rebanho", a demora na compra de vacinas e prevaricação, no caso de irregularidades com covaxin.