Polícia Federal abre inquérito contra CPI para apurar vazamentos
Vice-presidente do colegiado disse que comissão entrará com representação contra medida no STF
A Polícia Federal abriu inquérito, nesta 4ª feira (4.ago), para apurar o vazamento de informações sigilosas enviadas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. A medida vem após vídeos enviados pela corporação à CPI na 2ª feira (2.ago), sobre irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, terem sido divulgados pela imprensa. A PF alega que todo o material foi encaminhado sem qualquer edição.
"No dia 2/8, foi encaminhada à Comissão Parlamentar de Inquérito ? CPI da Pandemia a íntegra dos autos do inquérito que apura eventuais irregularidades na aquisição da vacina Covaxin. Foram também encaminhados os vídeos contendo os depoimentos de oito pessoas intimadas, todos sem qualquer edição. Na mesma data, a comissão parlamentar recebeu a cópia, também integral, do inquérito instaurado por determinação da ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber", diz trecho do comunicado divulgado pela PF.
A PF também explica, em nota, o que teria acontecido com um dos vídeos vazados, que é interrompido de forma abrupta, em que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello cita o presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). A corporação alega que não houve corte, e sim que a gravação parou devido ao término das perguntas pela autoridade policial. "As alegações defensivas do depoente, embora não estejam gravadas, foram registradas por escrito e igualmente encaminhadas na íntegra".
A iniciativa provocou reações em parlamentares da CPI, durante a sessão desta 4ª feira. Congressistas interpretaram a ação como uma tentativa de intimidar os trabalhos da Comissão. Integrantes do colegiado sugeriram que o presidente da CPI, Omaz Aziz (PSD-AM), converse com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e também acione a Advocacia do Senado Federal para interromper as investigações.
CPI vai entrar com representação
Após divulgação de abertura do inquérito por parte da PF, o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou a medida como ilegal e ilegítima, e disse que a CPI entrará com habeas corpus para que o STF suspenda a investigação. O inquérito também citará o diretor da Polícia Federal, Paulo Maiurino, e contra o ministro da Justiça, Anderson Torres.
"Requisito à secretaria dessa comissão parlamentar de inquérito que comunique a advocacia do senado para de imediato ingressar com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal a fim de trancar o inquérito ilegal e ilegítimo instaurado", declarou o senador.