Salles "tornou legítima" ação de criminosos, diz ex-chefe da PF no AM
Delegado Alexandre Saraiva enviou notícia-crime contra ministro do Meio Ambiente ao STF

Gabriela Vinhal
O delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva disse nesta 2ª feira (26.abr) que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez uma "inversão" e "tornou legítima a ação dos criminosos, não do agente público" na fiscalização na Amazônia.
"A principal empresa que atua na região já recebeu mais de 20 multas do Ibama, deve aproximadamente R$ 9 milhões em multas. Ou seja, além disso, existe a presunção de ilegalidade e ilegitimidade dos atos do servidor público. O ministro Ricardo Salles fez uma inversão e tornou legítima a ação dos criminosos, não do agente público", afirmou, em audiência pública na Câmara, na Comissão de Legislação Participativa.
Saraiva é ex-superintendente da PF no Amazonas e foi trocado após enviar uma notícia-crime contra Salles ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o delegado, o ministro tentou obstruir as investigações de práticas ilegais na região. O substituto de Saraiva, Leandro Almada, foi oficilizado no posto na última 3ª feira (20.abr).
Em 2020, cerca de 200 mil metros cúbicos de madeira, que equivaliam a R$ 130 milhões, foram apreendidos na Operação Handroanthus. O delegado alegou que a extração da madeira foi realizada sem documentação correta e duvidou que o material tivesse sido extraído de maneira legal dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Ainda de acordo com Saraiva, Salles chegou a fazer uma "pseudoperícia", mas, "de 40 mil toras, olhou duas e disse que conferiu".
"O senhor ministro recebeu da Divisão do Meio Ambiente da Polícia Federal todos os laudos periciais que foram feitos, ele tinha todas as informações necessárias para fazer juízo de valor", afirmou Saraiva. "As áreas de exploração não estavam sendo cumpridas, as áreas de proteção permanente não estavam sendo preservadas", completou.
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