Eleições na Câmara: Lira e Baleia querem apoio de prefeitos eleitos
Siglas dos candidatos à Presidência da Câmara são as que mais elegeram gestores locais nas eleições de 2020
Gabriela Vinhal
Menos de 48 horas depois das cerimônias de posse dos prefeitos eleitos, candidatos à Presidência da Câmara dão início à campanha em busca de apoio dos gestores locais. O líder do PP, Arthur Lira (AL), aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), já tem data para colocar o pé na estrada: na 3ª feira (5.jan) partirá rumo ao Norte do país, acompanhado de deputados do bloco.
O presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), apoiado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aguarda formalização do posicionamento do PT -que faz jogo duro, mas tende a aderir ao grupo- para começar oficialmente a busca por aliados. A expectativa é que a decisão saia na reunião da bancada nesta 2ª feira (3 jan), comandada pela presidente da sigla, a deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Interlocutores de Lira afirmam que, por conta do recesso legislativo, ele viajará cidade por cidade para falar pessoalmente com os políticos. O PP foi o segundo partido que conseguiu emplacar o maior número de prefeitos, com 685 vitoriosos, atrás apenas do MDB, sigla do Baleia, que elegeu 784 -260 a menos que em 2016, quando emplacou 1.044.
Por isso, a agenda do candidato será composta por visitas a prefeitos e acompanhado por parlamentares influentes nos estados. O roteiro das reuniões também está pronto: focará nas fragilidades dos locais para firmar compromissos. Em Macapá, por exemplo, tratará da crise energética; em Manaus, falará sobre a Zona Franca.
Devido à proximidade com o governo, em troca de apoio, Lira oferece facilitar a liberação de recursos para os estados e nomeação em cargos de ministérios. Com 201 deputados, seu bloco é composto, atualmente, por 10 partidos: PL, PP, PSD, PTB, Solidariedade, Avante, PROS, Patriota, Republicanos e PSC.
O grupo de Maia, por sua vez, tem 281 parlamentares e 11 legendas: DEM, MDB, PSDB, PSL, Cidadania, PV, PT, PCdoB, PSB, PDT e Rede. São necessários 257 votos para vencer a disputa, em um pleito com voto secreto. Ou seja, sem punições por parte dos partidos, parlamentares podem "trair" candidatos. É nisso que apostam aliados de Lira.
Nos bastidores, afirmam que o bloco do candidato do governo não é tão "sólido" quanto o de Maia, porque o líder do Centrão tem aliados fieis em siglas que anunciaram apoio a Baleia, como PSB, PSL e PSDB. "A eleição do Arthur está bem à frente da composição do bloco. O grupo do Baleia pode até ser maior, mas o bloco do Arthur é mais sólido. Pode ter certeza que os números são diferentes", comentou uma das lideranças do Centrão.