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FALSO: Marçal usou documento falso para alegar que Boulos foi internado por uso de drogas

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

FALSO: Marçal usou documento falso para alegar que Boulos foi internado por uso de drogas
Marçal usou documento falso para alegar que Boulos foi internado por uso de drogas | Projeto Comprova
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FALSO: Pablo Marçal (PRTB) usou laudo médico falso para afirmar que Guilherme Boulos (PSOL) foi internado em decorrência de dependência química. O documento apresenta uma série de inconsistências, como erros de digitação, número de RG com um dígito a mais e assinatura de um médico que nunca trabalhou na clínica. Além disso, há registros de que Boulos estava em outro lugar no momento apontado como o de sua internação.


Conteúdo investigado: Suposto laudo médico publicado por Pablo Marçal (PRTB) que aponta internação de Guilherme Boulos (PSOL) por conta do uso de cocaína e corte de entrevista de Marçal a um podcast em que ele afirma que o atendimento médico teria sido por “dependência química”.

Onde foi publicado: YouTube, TikTok, Instagram e X.

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Conclusão do Comprova: O suposto laudo médico divulgado por Pablo Marçal para afirmar que Guilherme Boulos deu entrada em uma clínica de São Paulo após uso de cocaína, em 19 de janeiro de 2021, apresenta indícios de falsificação. O documento foi divulgado inicialmente em uma live no YouTube e compartilhado nas redes sociais pelo candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo. Marçal disse na live, em entrevista a um podcast, que a internação do psolista teria sido por “dependência química”.

O laudo afirma que Boulos recebeu atendimento médico por apresentar um quadro de surto psicótico grave. O documento indica o CID F14, código para “transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso da cocaína”. Além disso, aponta que o psolista teria feito um exame toxicológico que deu positivo para uso da substância. Como verificado por Estadão, Folha e Aos Fatos, entre outros veículos, o documento apresenta uma série de inconsistências.

No laudo, consta que o atendimento ao candidato do Psol ocorreu às 16h45. Naquela tarde, no entanto, o psolista estava em uma agenda com o vereador Emerson Osasco (PCdoB), o que pode ser confirmado com uma foto registrada no dia, publicada no Instagram, e com uma declaração feita pelo parlamentar na sexta-feira (4) sobre a publicação de Marçal.

Alguns usuários do Instagram alegaram que a publicação foi editada, indicando que ela poderia ter sido alterada após a repercussão do falso laudo médico. No entanto, o Instagram não permite edição de fotos já publicadas, apenas a remoção do conteúdo. Na publicação ainda é possível ver que a postagem foi editada no mesmo dia em que foi feita, como aponta uma etiqueta da rede social.

Considerando que a edição teria sido feita na legenda da foto, questionamos o vereador Emerson Osasco sobre possíveis mudanças no conteúdo. Ele não respondeu nossa tentativa de contato até a publicação desta checagem, mas publicou um posicionamento em seu Instagram, afirmando que “é prova viva” de que o candidato do PSOL estava com ele na data indicada no suposto laudo médico. Em seguida, destaca a foto analisada nesta checagem.

O Comprova localizou também uma live feita por Guilherme Boulos no dia em questão, 19 de janeiro de 2021. Além do registro ser de uma fala ao vivo, portanto feita naquele dia, nela, o candidato usa a mesma camiseta que usou na foto com Emerson Osasco.

Também não é verdade que Boulos ficou internado, uma vez que na tarde do dia seguinte ao encontro com o vereador do PCdoB, em 20 de janeiro de 2021, o candidato participou de uma distribuição de cestas básicas na Comunidade do Vietnã, zona sul de São Paulo, como mostra uma foto publicada na data em seu Facebook.

O suposto laudo ainda apresenta um erro de digitação no RG atribuído a Boulos, conforme comparado pelo Comprova com informações do psolista presentes em processos aos quais ele responde e que o projeto teve acesso. Além de ser um número diferente, o documento presente no suposto laudo possui um dígito a mais do que o padrão de documentos usados no Brasil (nove dígitos).

Também há indícios de que o nome da clínica citada no documento esteja errado, uma vez que a unidade existente no Jabaquara, onde o laudo afirma que o atendimento ocorreu, chama-se “Mais Consultas” e não “Mais Consulta”, o que também pode ser visto no CNPJ da empresa.

Além disso, o documento ainda tem problemas de digitação, como “por minha atendido” e “apresentou com quadro de surto psicótico grave”.

O laudo falso tem assinatura e CRM do médico José Roberto de Souza, falecido em 2022 vítima de câncer, de acordo com o jornal O Globo. Ainda segundo a reportagem d’O Globo, o profissional nunca trabalhou na clínica citada no documento.

O Comprova checou que o médico também possuía CRM no Espírito Santo. O portal da instituição confirma a informação de que ele morreu.

O Globo mostrou também que a assinatura original do especialista difere daquela presente no laudo forjado. O Comprova comparou as assinaturas e confirmou a diferença.

| Assinatura usada no laudo (à esquerda) e  a assinatura verdadeira (à direita).

Em um vídeo publicado no Instagram, Boulos negou que tenha sido internado na clínica, afirmou que o laudo é falso e disse que pedirá a prisão de Marçal.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. A entrevista em live em que Marçal menciona o documento, ao podcast Inteligência Ltda, teve 1.453.688 visualizações no YouTube. Não é possível medir o alcance da publicação do suposto laudo no Instagram do candidato do PRTB, uma vez que a plataforma removeu o post. No TikTok, um vídeo com cortes da entrevista ao podcast teve mais de 5 mil visualizações. E, apesar de estar suspenso no Brasil após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o falso documento também foi compartilhado no perfil oficial de Marçal no X, alcançando mais de 368 mil visualizações. O Comprova acessou o conteúdo por meio de um dos editores, que reside na Alemanha.

Fontes que consultamos: Live em que Marçal pediu à sua equipe para que publicasse o documento em questão em seu Instagram, registro de médicos no Conselho Federal de Medicina (CFM), redes sociais de Guilherme Boulos (PSOL), assessoria de Pablo Marçal (PRTB) e vereador Emerson Osasco (PCdoB), que não retornaram o contato, Econodata e reportagens e checagens sobre o tema.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras verificações sobre o tema indicam que há falsificações no laudo apresentado por Marçal. O Estadão Verifica mostrou que suposto laudo apresentado pelo candidato do PRTB contra Boulos tem indícios de falsificação. Já a iniciativa Aos Fatos concluiu que dados incorretos desmentem laudo usado por Marçal para acusar o psolista de uso de drogas. O G1 também publicou os indícios de falsidade do documento.

Investigação e verificação

UOL, Tribuna do Norte, Metrópoles e A Gazeta participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Agência Tatu, Folha, Correio do Estado, Imirante.com, SBT e SBT News.
 

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 42 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Na quinta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

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