Oscar 2024: discursos políticos abordaram guerra na Ucrânia e pedido de cessar-fogo em Gaza; assista
Vencedores das estatuetas de documentário e filme internacional falaram sobre conflitos atuais no palco da cerimônia, em Los Angeles (EUA)
Felipe Moraes
As guerras entre Rússia e Ucrânia, na Europa, e Israel e o grupo extremista Hamas, na Faixa de Gaza, foram assunto na cerimônia do Oscar 2024, que anunciou vencedores da 96ª edição na noite desse domingo (10), em Los Angeles (EUA).
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Após receber a estatueta de melhor documentário por "20 Dias em Mariupol", que retrata os primeiros dias da invasão russa, o diretor Mstyslav Chernov afirmou que "queria nunca ter feito este filme" e que "trocaria o prêmio pela Rússia nunca ter atacado a Ucrânia".
"Este é o primeiro Oscar da história ucraniana. Mas, provavelmente, vou ser o primeiro diretor neste palco a dizer que eu queria nunca ter feito este filme. Queria que fosse possível trocar [o prêmio] pela Rússia nunca ter atacado a Ucrânia, nunca ter ocupado nossas cidades", declarou o cineasta.
Chernov ainda pediu a libertação de reféns, soldados e civis e fez um apelo à comunidade de Hollywood: "Eu peço a vocês, algumas das mais talentosas pessoas do mundo. Que a verdade prevaleça e que as pessoas de Mariupol e aquelas que deram suas vidas não sejam esquecidas, porque cinema forma memórias, e memórias formam história", disse.
Assista ao discurso completo de Mstyslav Chernov:
Já o inglês Jonathan Glazer, diretor do vencedor de melhor filme internacional, "Zona de Interesse", abordou a guerra entre Israel e Hamas após ser chamado ao palco para receber o Oscar.
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O filme, baseado em livro de ficção do também britânico Martin Amis, retrata a família do militar nazista Rudolf Höss, comandante de Auschwitz, vivendo tranquilamente perto de um dos campos de concentração usados para exterminar judeus.
Glazer fez agradecimentos e, depois, leu um discurso: "Todas as nossas escolhas foram feitas para refletir e nos confrontar no presente, não para dizer 'olha o que eles fizeram', mas 'o que fazemos agora'".
Assista ao discurso completo de Jonathan Glazer:
"Nosso filme mostra como a desumanização leva ao pior cenário. Moldou todo nosso passado e nosso presente. Neste momento, estamos aqui como homens que refutam o seu judaísmo e seu Holocausto sendo sequestrados por uma ocupação que levou tantas pessoas inocentes ao conflito", continuou, fazendo referência aos territórios da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, ocupados por Israel.
"Sejam as vítimas do 7 de outubro em Israel ou as do ataque em andamento em Gaza, todas vítimas desta desumanização, como vamos resistir?", questionou o cineasta.
Broche pelo cessar-fogo e protesto do lado de fora
Artistas como a cantora Billie Eilish, da música eleita melhor canção ("What I Was Made For?", do filme "Barbie"), e os atores Mark Ruffalo e Ramy Youssef, de "Pobres Criaturas", desfilaram pelo tapete vermelho da cerimônia com um broche vermelho do movimento Artists4Ceasefire ("Artistas pelo Cessar-Fogo"), que pede o fim do conflito em Gaza.
Uma carta encabeçada pelo movimento e endereçada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pede cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas. Mais de 400 nomes da indústria de entretenimento assinaram o documento, como America Ferrera, indicada a melhor atriz coadjuvante por "Barbie", e Bradley Cooper, que concorreu a melhor filme, ator e roteiro original por "Maestro".
Do lado de fora do Dolby Theatre, onde ocorreu a cerimônia, cerca de mil pessoas organizaram um protesto pró-Palestina, segundo o jornal Los Angeles Times.