Jovem morre em suposto tiroteio entre PMs e criminosos em São Vicente (SP)
Mãe de três filhos, Yasmin Isabel, de 22 anos, foi mais uma vítima dos confrontos na Baixada Santista
SBT News
A Operação Escudo da Polícia Militar no litoral paulista terminou há quase uma semana, mas os problemas na Baixada Santista continuam do mesmo jeito. A mais nova vítima é Yasmin Isabel Alves do Carmo, de 22 anos.
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Yasmin foi morta por uma bala perdida durante um suposto tiroteio entre bandidos e PMs, em São Vicente. Casada e mãe de três filhos, a vítima trabalhava em um supermercado.
"Quantas vezes a gente vai perder mais várias Yasmins no país inteiro? Quantas mais mulheres pretas, periféricas, mães a gente vai ter que perder, pra gente entender que não se combate nada? Só gera perda, só gera dor, quantas vezes mais? Hoje eu perco uma amiga, mas a mãe que perdeu uma filha, as filhas que perderam uma mãe, o marido que perdeu uma esposa? Quantas mais a gente vai ter que perder?", desabafou a amiga, Brisa Firmino.
A morte de Yasmin aconteceu enquanto policiais militares tentavam prender os homens que executaram o sargento aposentado Gerson Antunes Lima horas antes, na mesma cidade. Ele varria a calçada quando foi surpreendido por quatro criminosos em duas motos. O sargento morreu na hora.
O fim de semana teve ainda mais dois atentados contra policiais militares, que sobreviveram. Um deles, o cabo Lucatio de Oliveira Santos, foi atingido com três tiros, na frente da filha, também em São Vicente. O cabo foi socorrido e está internado.
Em Mongaguá, também na Baixada, bandidos atiraram contra a casa de um PM e ninguém ficou ferido. Um suspeito foi preso. A onda de atentados é, segundo policiais, uma resposta do crime organizado contra a morte de 28 suspeitos da Operação Escudo. A matança foi uma resposta ao assassinato do policial da Rota Patrick Bastos Reis, em Guarujá, no dia 27 de julho.
"Temos, já não é de hoje, mortes de policiais, principalmente policiais de folga ou até aposentados. Isso tem, ao longo das investigações anteriores, apuramos que criminosos que integram organizações criminosas de São Paulo, tem essa ação de matar policiais como missão", afirma o delegado Fabiano Barbeiro.
Policiais chamam a onda de mortes na Baixada Santista de "herança maldita". A guerra contra traficantes só teria chegado a esse ponto por causa da corrupção policial, que durante anos fez vista grossa ao comércio de drogas no litoral. A inércia de antes pode ser vista, inclusive, nos números da segurança pública.
Nos nove meses de 2023, foram apreendidas 7 toneladas de drogas na Baixada Santista. No mesmo período do ano passado, o mesmo número não chegou a 3 toneladas. O mesmo aconteceu nas prisões. Este ano, foram 1.200 presos, contra menos de 300 no mesmo período de 2022.