Riscos e até transplante: uso de remédios como anabolizantes trazem consequências
Para frear prática, Anvisa mandou recolher medicamentos falsos que estavam em uso
Majô Gondim
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, no começo do mês, a apreensão, proibição da venda, distribuição e uso do 'deca-durabolin', usado para aumentar a massa corporal, e do 'durateston', indicado para a reposição de testosterona. Nas unidades falsas, aparecem o nome do laboratório Schering-plough, antigo detentor da marca. Há seis anos, os registros desses produtos foram cancelados, segundo a Anvisa. Os medicamentos autorizados são produzidos, atualmente, pela farmacêutica Aspen Pharma.
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A proibição do uso dos medicamentos foi reforçada pelos impactos negativos a quem os consumia. O personal trainer, Enzo Perondini, de 59 anos, conta que ganhou todos os títulos de fisiculturismo que queria e, durante as competições, visitou países que nem sonhava conhecer. Mas as consequências do uso excessivo de remédios para ganhar músculos chegaram. Ele teve problemas renais, perdeu um rim e, há três anos, precisou fazer um transplante.
Mesmo após o procedimento Enzo decidiu continuar no esporte, mas sem o uso de remédios para rendimento. "Quero continuar praticando musculação, até o fim da minha vida, porque eu adoro esporte. Eu não quero parar nunca, mas, de maneira saudável", disse.
O presidente da regional, em São Paulo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Felipe Henning Gaia Duarte, explica que, entre os pontos negativos, está também impactos cardíacos. "O coração também é um músculo, ele também sofre o processo de hipertrofias, então, você pode desenvolver hipertensão, pode deflagrar arritmias ao longo do prazo. A testosterona em excesso, ela modifica a composição de colesterol do sangue, então, o colesterol pode ficar mais agressivo e com isso aumentar o risco de obstrução das artérias e, no caso, infarto."
Se o risco do consumo indiscriminado já é grande, imagine, de substâncias sem origem confirmada. Segundo o médico, o produto falso pode conter bactérias que causam infecções a quem consumir os produtos.