"Devolveremos crianças evacuadas à Ucrânia quando for seguro", diz Rússia
País é acusado de promover deportações e transferências ilegais durante a guerra
Camila Stucaluc
O representante da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, disse, na 2ª feira (20.mar), que o país pretende devolver as crianças evacuadas da Ucrânia quando as condições forem "seguras o suficiente". Reprovando a acusação do Ocidente, ele afirmou que a ação foi realizada apenas para proteger os pequenos diante da guerra.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
"Queríamos protegê-los do perigo que as operações militares poderiam trazer. A questão das crianças 'enviadas à força para a Rússia' está completamente inflada. Queremos demonstrar isso em uma reunião informal do Conselho de Segurança. Quando as condições estiverem seguras, é claro, vamos devolvê-las", disse Nebenzya.
A declaração do diplomata russo acontece poucos dias após o Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia emitir um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, e contra a comissária para os Direitos da Criança, Maria Alekseyevna Lvova-Belova. Ambos são acusados de deportar e transferir ilegalmente crianças de áreas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa.
Apesar de não possuir força policial para cumprir os mandados, a decisão da Corte foi parabenizada pela comunidade internacional. O Kremlin, no entanto, criticou a medida e insistiu que o mandado era ilegalmente nulo, uma vez que a Rússia não é signatário do tratado e, portanto, não reconhece a autoridade do tribunal.
"Consideramos a própria colocação da questão ultrajante e inaceitável, a Rússia, como vários Estados, não reconhece a jurisdição deste tribunal e, consequentemente, quaisquer decisões desse tipo são nulas e sem efeito para a Federação Russa do ponto de vista da lei", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
+ Em reunião, Xi Jinping reforça parceria estratégica com a Rússia
O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, por sua vez, insistiu que caso Putin ou Maria viajem para os mais de 130 países que reconhecem o TPI, ambos serão presos imediatamente.