Quase 2 milhões de vacinas contra a covid-19 foram incineradas em 2022
Imunizantes perderam a validade antes de serem distribuídos pelo Ministério da Saúde
Soane Guerreiro
Quase dois milhões de vacinas contra a covid-19 foram incineradas no ano passado porque perderam a validade antes de serem distribuídas pelo Ministério da Saúde. A constatação foi feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que pede ressarcimento de R$ 1 milhão pelo prejuízo aos cofres públicos.
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A destruição das vacinas foi descoberta numa investigação do TCU a partir de uma denúncia de irregularidades na distribuição de imunizantes pelo Ministério da Saúde, apresentada por deputados federais. Em novembro de 2021, o Brasil recebeu uma doação de mais de dois milhões de vacinas para serem distribuídas pelo país.
Na época, o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez o anúncio da chegada pelas redes sociais e agradeceu a parceria com os Estados Unidos.
O documento do TCU afirma que as doses da Astrazeneca estavam com prazo de validade curto, menor do que três meses, que não havia estratégia de utilização em tempo hábil, e também não foi considerado o período que seria gasto com questões burocráticas e com a distribuição.
Do total de vacinas doadas (2.187.300), apenas 282 mil chegaram aos estados. O restante, cerca de 1,9 milhão, foi incinerado por estar fora da validade.
Foram gastos R$ 993 mil com transporte, documentos para a entrada do produto no país, armazenamento e, depois, a queima das vacinas. O TCU deu até a semana que vem para que três pessoas que ocupavam cargos de chefia no Ministério da Saúde, e autorizaram a doação, apresentem uma defesa ou paguem os prejuízos aos cofres públicos.
O TCU considerou responsáveis pelo erro Rosana Leite de Melo, então secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid, Danilo de Souza Vasconcelos, ex-diretor de programa da Secovid e Ridauto Lúcio Fernandes, ex-diretor do Departamento de Logística em Saúde.
O Tribunal de Contas da União também pediu que a atual gestão do Ministério da Saúde envie, até a próxima 6ª feira (10.mar), um levantamento sobre a quantidade de vacinas contra a covid em estoque, a data de validade e o número de doses que já foram descartadas, para prevenir o desperdício de recursos públicos.
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