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Racismo no Mackenzie: vítima teria sofrido pressão psicológica para participar de 'desafio'

SBT teve acesso, com exclusividade, a uma das mensagens trocadas entre vítima e um adolescente envolvido

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ALERTA DE GATILHO: Este conteúdo contém informações sensíveis sobre suicídio. Se precisar de apoio, busque ajuda especializada.

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A estudante bolsista de 15 anos do Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, que foi encontrada desacordada no banheiro do local, teria sido obrigada a participar de “desafios” impostos por colegas para deixar de ser vítima de bullyng e racismo.

Um deles, cumprido pela jovem, consistia em beijar um aluno mais velho. A pressão psicológica foi denunciada em um boletim de ocorrência. O SBT teve acesso, com exclusividade, a uma das mensagens trocadas entre ela e um adolescente envolvido.

Na conversa, a jovem demonstra medo da situação ter sido gravada e compartilhada internamente na escola. Fontes ouvidas pela reportagem acreditam que esse teria sido o estopim para a jovem ter sido encontrada desacorda no banheiro.

Veja algumas das mensagens:

MOLDE NEWS (17).png
MOLDE NEWS (17).png

Vítima: você mostrou o vídeo pro xxx? eu vou na polícia.

Vítima: foi você que espalhou o vídeo?

Aluno: eu espalhei pra ninguém não. Mostrei para ninguém não. Só contei que tinha vídeo. Fica calma.

Vítima: fico calma nada, mano. (...) Você tem noção que você acabou com a minha reputação?

A polícia abriu um inquérito policial e investiga se ela teria tentado tirar a própria vida após ser induzida por um dos colegas.

Antes dessa situação extrema, a adolescente chegou a pedir ajuda para o colégio quando tudo começou. Mas a mãe conta que a jovem foi ainda mais exposta.

"Ela falava que tinha duas meninas, que não deixavam ela em paz, que ela recorria à coordenadora. A coordenadora expôs ela na sala de aula falando que ela estava com mimimi, que ela estava com síndrome de perseguição."
Fernanda Mariano, vítima de 34 anos | Reprodução/SBT
Fernanda Mariano, vítima de 34 anos | Reprodução/SBT

O que diz o Mackenzie

Em nota, o colégio presbiteriano Mackenzie Higienópolis disse que prestou atendimento médico à aluna e a encaminhou para um hospital. Afirmou também que a direção e a coordenação da escola acolheram a mãe da aluna e que segue prestando suporte para a família. O colégio diz que ainda não é possível afirmar quais as causas do episódio. O Mackenzie ainda diz que repudia qualquer forma de discriminação, preconceito ou violência.

Confira a nota do Colégio Mackenzie na íntegra:

No dia 29 de abril, uma aluna do 9º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo foi encontrada no banheiro da escola precisando de auxílio médico. Imediatamente, ela recebeu atendimento do bombeiro civil e da médica pediatra do colégio, sendo prontamente encaminhada à Santa Casa, em ambulância própria da escola, acompanhada pela coordenadora pedagógica e pela pediatra.

A direção e a coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o ocorrido. A equipe de orientação educacional e a psicóloga escolar — que já acompanhavam a aluna e sua família — seguem prestando suporte com cuidado, escuta e responsabilidade. Assim, o contato e o apoio à família têm sido contínuos. Entretanto, nas últimas quinta e sexta-feira (8/5 e 9/5) o acesso da equipe escolar à unidade do CAPS, onde a aluna está sendo assistida, foi proibido pela família.

Reiteramos que, até o momento, não é possível afirmar quais foram as causas do episódio. O Colégio vem conduzindo uma apuração rigorosa e respeitosa, ouvindo alunos e colaboradores, sempre com zelo pela verdade e pelo bem-estar de todos os envolvidos. A estudante será ouvida no momento apropriado, em ambiente psicopedagógico acolhedor, respeitando seu tempo e sua recuperação emocional.

O Mackenzie repudia qualquer forma de discriminação, preconceito ou violência, e reafirma que todas as manifestações nesse sentido são tratadas com seriedade e responsabilidade. O colégio mantém registros documentados de atendimentos e providências pedagógicas anteriores, adotadas em alinhamento com os princípios legais e educacionais.

Mais do que apurar o ocorrido, a escola segue fortalecendo suas ações de cuidado, escuta e prevenção. Por meio do nosso Programa de Responsabilidade Social e Inclusão, conduzimos projetos permanentes voltados à convivência respeitosa, ao combate ao bullying e à valorização da diversidade em todas as suas formas.

Entre as iniciativas em andamento, destacamos:

Projeto Respeito – Um Caminho para o Bem Viver: ações de conscientização e combate ao bullying em todos os segmentos;

Projeto SIM (Sentir, Investigar e Manejar): voltado ao desenvolvimento da inteligência socioemocional, especialmente na infância;

Change Your Mind: voltado à valorização da vida, saúde mental e construção de vínculos saudáveis entre adolescentes;

Projeto Vozes da Pele: oficina antirracista que estimula a reflexão sobre identidade, equidade e respeito;

Fala Sério!: iniciativa que promove o uso consciente da linguagem como instrumento de empatia e convivência;

Serviço de Acolhimento Psicológico e escuta ativa: realizado por equipe especializada, disponível aos alunos em situação de fragilidade emocional.

Sabemos que situações como essa mobilizam dúvidas e preocupações, especialmente entre famílias e a sociedade. Por isso, reforçamos que estamos agindo com máxima seriedade, discrição e humanidade, sempre respeitando a privacidade da estudante e de todos os envolvidos.

Onde procurar ajuda?

  • CVV (Centro de Valorização à Vida) - Atendimento por ligação gratuita, 24 horas por dia, pelo número 188. Há também as opções de atendimento físico, chat e e-mail.
  • Pode falar - Canal de atendimento da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) criado para ajudar pessoas de 13 a 24 anos a lidarem com questões de saúde mental.
  • Além disso, pela rede pública, o atendimento para questões de saúde mental pode começar via atendimento pelas UBSs (Unidade Básica de Saúde) ou pelos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) Infanto-Juvenil espalhados pelo Brasil.
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