SUS lança versão avançada do Papanicolau para detectar HPV precocemente
Novo teste permite autocoleta, identifica o vírus antes das lesões e agiliza diagnóstico, aumentando as chances de cura para milhões de mulheres

Gabriella Rodrigues
SBT News
O Ministério da Saúde iniciou nesta sexta-feira (15) a aplicação do teste molecular DNA-HPV no Sistema Único de Saúde (SUS), um avanço no rastreamento do câncer de colo do útero, terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres.
Apesar de ainda ser necessário passar pelo exame ginecológico, a coleta do material mudou e permite resultados mais rápidos e precisos, identificando a presença do vírus antes do surgimento de lesões ou da doença em estágio inicial.
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O teste foi desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, instituição ligada à Fundação Oswaldo Cruz, e consegue identificar 14 tipos de HPV (Papilomavírus Humano), incluindo os mais associados ao câncer de colo do útero. Além de maior precisão, a tecnologia permite ampliar os intervalos de rastreamento para até cinco anos em casos negativos e utilizar o recolhimento de amostras apenas para confirmar resultados positivos, aumentando a eficiência e acelerando o tratamento.
De acordo com o ministério, a implementação começa gradualmente em um município de cada estado, sendo 12 contemplados neste primeiro momento: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, além do Distrito Federal. A meta é expandir o rastreamento para toda a rede pública até dezembro de 2026, beneficiando anualmente cerca de 7 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos.
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A iniciativa ainda inclui a opção de autocoleta do material para mulheres com dificuldade de acesso ou resistência ao exame ginecológico. O procedimento é orientado por profissionais de saúde, e a amostra pode ser entregue em Unidades Básicas de Saúde, garantindo que populações vulneráveis, como pessoas em situação de rua, migrantes, refugiadas e mulheres LGBTQIAPN+, tenham acesso ao rastreamento.
Para viabilizar a autocoleta, o Ministério da Saúde disponibilizará kits e insumos, capacitará profissionais do SUS e oferecerá suporte diagnóstico remoto, garantindo agilidade nos resultados e fortalecendo todo o fluxo de atendimento, inclusive o encaminhamento rápido para tratamento quando necessário.
O programa integra o “Agora Tem Especialistas” e tem como objetivo fortalecer a prevenção, agilizar o diagnóstico e ampliar o acesso ao tratamento oncológico em todo o país, representando um avanço importante para a saúde da mulher no Brasil.
Câncer de colo do útero: prevenção pode salvar vidas
O HPV é a principal causa do câncer de colo do útero, que mata milhares de mulheres no Brasil todos os anos. São cerca de 17 mil novos casos por ano, ou 15 a cada 100 mil mulheres. No Nordeste, a doença provoca aproximadamente 20 mortes diárias, número que pode ser até seis vezes maior que os casos de feminicídio em algumas regiões.
Esses dados reforçam a necessidade de rastreamento precoce e de métodos mais precisos, como o teste DNA-HPV, que aumentam as chances de detectar a doença antes que ela evolua e possibilitam tratamento rápido e eficaz.