Por que casos de câncer entre mulheres mais jovens vêm aumentando?
Entre os tipos mais comuns, destacam-se câncer de mama e câncer do colo do útero; veja fatores de riscos e como prevenir
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Brazil Health
O câncer, historicamente associado ao envelhecimento, tem apresentado um crescimento preocupante entre mulheres jovens. Entre os tipos mais comuns, destacam-se o câncer de mama e o câncer do colo do útero, que vem aumentando sua incidência nessa população.
Esse fenômeno requer atenção especial devido às suas implicações para a saúde pública e à necessidade de estratégias eficazes de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento.
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Incidência e mortalidade
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são estimados 73.610 novos casos de câncer de mama no Brasil em 2024, o que equivale a um risco de 66,54 casos por 100 mil mulheres. O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, sendo a principal causa de mortalidade por câncer feminino no país, com uma taxa de 11,71 óbitos por 100 mil mulheres em 2021.
O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres brasileiras, com 17.010 novos casos estimados anualmente entre 2023 e 2025, correspondendo a uma taxa de 15,38 casos por 100 mil mulheres. A infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV) é responsável por 99% dos casos dessa doença.
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Embora o câncer de mama e de colo do útero sejam mais comuns em mulheres acima dos 50 anos, estudos indicam um crescimento alarmante em mulheres jovens. Em 2020, 21,8% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama tinham menos de 40 anos, um aumento significativo em relação aos 7,9% registrados em 2009.
Principais sinais e sintomas
Câncer de mama:
Os sintomas variam de acordo com o estágio da doença, mas os mais comuns incluem:
+ Nódulo (caroço) na mama ou na axila, geralmente indolor e de crescimento progressivo;
+ Alterações na pele da mama, como vermelhidão, retração, aspecto de "casca de laranja" ou ulceração;
+ Dor ou sensibilidade persistente na mama ou no mamilo;
+ Saída de secreção anormal pelo mamilo, podendo ser sanguinolenta ou transparente;
+ Mudança no formato ou tamanho da mama;
+ Presença de pequenos nódulos endurecidos na axila ou no pescoço.
Câncer de colo do útero:
Esse tipo de câncer pode ser assintomático em seus estágios iniciais, mas os principais sinais incluem:
+ Sangramento vaginal anormal, especialmente após relações sexuais, entre menstruações ou após a menopausa;
+ Secreção vaginal anormal, com mau cheiro e coloração incomum;
+ Dor pélvica persistente ou desconforto durante as relações sexuais;
+ Dores lombares ou abdominais sem explicação aparente;
+ Aumento da frequência urinária ou dificuldade para urinar (quando o tumor está avançado e pressiona a bexiga).
Causas e fatores de risco
O aumento do câncer em mulheres jovens está relacionado a diversos fatores, que podem ser modificáveis ou não:
Fatores relacionados ao estilo de vida:
+ Obesidade e sobrepeso;
+ Sedentarismo;
+ Consumo de álcool;
+ Tabagismo;
+ Dieta pobre em frutas e vegetais;
Fatores hormonais e reprodutivos:
+ Menarca precoce (antes dos 12 anos);
+ Menopausa tardia (após os 55 anos);
+ Não ter filhos ou postergar a maternidade;
+ Primeira gravidez após os 30 anos;
+ Não ter amamentado;
+ Uso prolongado de contraceptivos orais.
Fatores genéticos e exposição à radiação:
+ Histórico familiar de câncer de mama;
+ Mutações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA2;
+ Exposição a radiações ionizantes.
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e imunidade:
+ Infecção pelo HPV (principal causa do câncer do colo do útero);
+ Infecção por clamídia;
+ Imunossupressão (como em portadoras do HIV).
A presença de um ou mais fatores de risco não significa que a mulher desenvolverá a doença, mas aumenta sua vulnerabilidade.
Prevenção e diagnóstico Precoce
A melhor forma de combater o aumento da incidência do câncer é investir em prevenção e rastreamento precoce.
Hábitos saudáveis:
+ Manter uma alimentação equilibrada rica em frutas, legumes e fibras;
+ Praticar atividade física regularmente;
+ Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
+ Manter um peso corporal adequado.
Exames de rastreamento
+ Mamografia: recomendada a partir dos 40 anos anualmente (segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia) ou a partir dos 50 anos a cada dois anos (segundo o Inca);
+ Papanicolau: recomendado a partir dos 25 anos, para mulheres que já iniciaram a vida sexual, com frequência anual nos dois primeiros exames e, caso os resultados sejam normais, a cada três anos até os 64 anos.
Vacinação contra o HPV
A vacina contra o HPV é uma das principais estratégias de prevenção do câncer de colo do útero. Disponível no SUS, ela protege contra os subtipos 16 e 18 do HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos dessa doença. A imunização é recomendada para:
+ Meninas de 9 a 14 anos;
+ Meninos de 12 a 13 anos.
Além de prevenir o câncer do colo do útero, a vacinação reduz a transmissão do HPV, diminuindo o risco global de infecção.
Conclusão
A mudança no perfil etário do câncer de mama e do colo do útero exige novas abordagens de prevenção e diagnóstico. O aumento da incidência entre mulheres jovens pode estar relacionado a fatores ambientais, mudanças no estilo de vida e infecções virais como o HPV.
Em contrapartida, o diagnóstico precoce melhora significativamente as chances de sucesso no tratamento. Portanto, é essencial que as mulheres sejam incentivadas a adotar hábitos saudáveis, realizar exames de rastreamento regularmente e se vacinar contra o HPV.
A implementação dessas medidas pode reduzir a incidência e a mortalidade desses tipos de câncer, promovendo maior qualidade de vida para as mulheres e um impacto positivo na saúde pública.