Biomédico é preso em operação que investiga fraudes em exames laboratoriais em Mato Grosso
Amostras eram descartadas sem análise e laudos falsificados; polícia apura ligação com morte de criança de cinco anos
SBT Brasil
Um biomédico foi preso durante uma operação da Polícia Civil que investiga fraudes em exames de laboratórios em Mato Grosso. Segundo as investigações, amostras eram descartadas sem análise e os resultados dos laudos falsificados.
Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa dos sócios do laboratório, em Cuiabá, e também nas unidades da empresa em Sinop e Sorriso, no interior do estado. Na casa de um dos alvos, foram encontradas armas, munição e notas de euro.
O laboratório realizava exames para clínicas particulares e órgãos públicos, como a Prefeitura e a Câmara de Vereadores de Cuiabá.
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O principal alvo da operação é o biomédico Igor Phelipe Gardes Ferraz, preso preventivamente. Conforme a investigação, o laboratório recebia e coletava material biológico dos pacientes, mas descartava as amostras sem qualquer análise. Os laudos eram falsificados pelo biomédico, que já havia sido preso em abril deste ano, quando o laboratório foi interditado por suspeita de irregularidades.
A polícia apura também se a morte de uma criança de cinco anos tem relação com os exames falsificados. Segundo o delegado Rogério Ferreira, ex-funcionários do laboratório afirmaram que todos os laudos dessa criança foram falsificados pelo sócio da empresa. A criança morreu em dezembro de 2024, mas ainda não há comprovação de que os laudos falsos tenham ligação direta com o falecimento, já que o estado de saúde era grave.
Ainda de acordo com a polícia, o laboratório prestava serviços para uma empresa de atendimento domiciliar (home care) que chegava a atender até 400 pacientes em suas residências. O delegado destacou que, segundo depoimentos de médicos, os resultados não condiziam com o quadro clínico dos pacientes, o que já gerava suspeitas.
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Os investigados poderão ser indiciados por estelionato, falsificação de documento particular, peculato e associação criminosa, com penas que podem chegar a até 25 anos de prisão.
Outro lado
Em nota, a empresa Bioseg Saúde e Segurança do Trabalho informou que a Bioseg Medicina Laboratorial foi encerrada em abril deste ano e que os sócios não têm envolvimento na gestão ou execução de serviços laboratoriais.
A defesa de Igor Ferraz não foi localizada.