Corregedoria apura caso em que delegado ameaça "explodir a cabeça" de mulher
Cena foi registrada por câmera de monitoramento
SBT News
A Corregedoria Geral da Polícia Civil de Mato Grosso apura a conduta de um delegado, Bruno França Ferreira, no caso em que ele entrou na casa de uma mulher em Cuiabá, com uma pistola em punho, na noite de 2ª feira (28.nov), e ordenou que ela e um homem deitassem no chão usando xingamentos. Outros três agentes acompanhavam o policial na ocasião.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
+ PRF resgata cachorrinha que havia sido roubada por criminosos no RJ
A mulher, de 41 anos, teria descumprido uma medida protetiva em relação a um adolescente, enteado do delegado. O episódio na casa foi gravado por uma câmera de monitoramento no interior do local. Nas imagens, é possível ver o delegado arrombando a porta da residência. "Polícia Civil. Deita no chão, deita, deita no chão, sua desgraçada", fala Bruno França Ferreira à mulher na sequência. Um homem grita "calma" para o agente, mas ele responde gritando: "Deita no chão, deita fil..., deita os dois no chão". Uma criança que presencia a cena chora em desespero.
Em determinado momento, Bruno França Ferreira pergunta à mulher se ela sabe que não pode chegar perto do adolescente e sem dar tempo para que ela responda, grita: "Responde, fil...". É possível ouvir a mulher chorando também. Ela pede para ligar para um advogado. Posteriormente, o delegado afirma: "Essa mulher sabe, você sabe, e a próxima vez que ela chegar perto de você, eu vou estourar a cabeça dela. Eu vou explodir a cabeça dessa fil...".
A Polícia Civil disse que a ida à residência "foi de decisão exclusiva da autoridade policial". Ainda de acordo com a corporação, a Corregedoria "tomará as medidas legais cabíveis ao caso em questão". Segundo o advogado da mulher, Rodrigo Pouso Miranda, a medida protetiva citada pelo delegado existe, mas não está ativa, pois a cliente não foi notificada. A medida foi motivada por uma ordem judicial de urgência pedida ao adolescente no âmbito de uma investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. O motivo da solicitação seria um desentendimento ocorrido entre o enteado de Bruno França Ferreira e o filho da mulher, quando moravam no Condomínio Alphaville I, em Cuiabá. A mãe teria se mudado para o condomínio Florais dos Lagos, também na cidade, para evitar novas confusões.
Em nota, o advogado do delegado, Diogenes Curado, disse que toda a situação na casa na 2ª feira "decorreu de descumprimento de medida protetiva expedida pela juíza Gleide Bispo Santos em favor do menor J, de 13 anos, e contra Fabiola Cássia Garcia Nunes, que o vem perseguindo persistentemente com agressões verbais e ameaças físicas em locais públicos, com quadras de esportes, na presença de inúmeras testemunhas". Ainda de acordo com o profissional, na própria 2ª feira, Fabiola ameaçou e agrediu verbalmente o menor.
Veja a nota na íntegra:
A respeito dos episódios noticiados envolvendo o delegado Bruno França Ferreira, cumpre-se necessário informar o seguinte:
1 - toda a situação decorreu de descumprimento de medida protetiva expedida pela juíza Gleide Bispo Santos em favor do menor J, de 13 anos, e contra FABIOLA CÁSSIA GARCIA NUNES, que o vem perseguindo persistentemente com agressões verbais e ameaças físicas em locais públicos, com quadras de esportes, na presença de inúmeras testemunhas.
2 - a medida protetiva foi expedida após denúncia à Polícia feita pela Família da mencionada criança em 17/10, em que narrou até mesmo uma viagem da Senhora FABIOLA até a cidade de Rondonópolis, com o objetivo de promover as agressões verbais.
Na ocasião, após verificar que o menor não se encontrava no local onde ocorreria um evento esportivo, FABIOLA fez questão de difamá-lo para terceiros, tentando coagir o professor a não incluir o menor nas atividades esportivas.
A segunda ocorrência de agressões verbais e ameaças físicas ocorreram no dia 15/10, no começo da noite, quando J. estava jogando futebol com amigos em uma quadra de esportes, a ponto de a atividade ter sido interrompida pelas agressões feitas por FABIOLA.
3 - as últimas agressões verbais e ameaças físicas feitas pela senhora Fabiola contra mencionada criança ocorreram na segunda-feira, 28/11, no início da noite, por volta das 19h30, em uma quadra de esportes de um condomínio de Cuiabá, onde J. estava com amigos jogando futebol.
A Senhora FABIOLA foi até o local e passou a ameaçar e agredir verbalmente o menor, a ponto de ele se retirar do local com os amigos e ter pedido socorro de sua Família.
4 - O delegado Bruno França Ferreira, padrasto do menor J., após tomar conhecido dos fatos, na mesma hora foi até o condomínio para resgatar a criança. Após se inteirar das novas agressões verbais e ameaças físicas, na condição de autoridade policial, pediu apoio de outros agentes de segurança e tendo conhecimento da medida protetiva expedida pela Justiça, efetuou a prisão em flagrante da Senhora Fabiola.
5 - Mais informações, com recomendação de preservar a identidade das crianças envolvidas nesse episódio, devem ser procuradas com as autoridades policiais e da justiça.
Diogenes Curado
Advogado da Família