Publicidade

ENGANOSO: Paulo Guedes não anunciou redução em aposentadorias e outros benefícios

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

ENGANOSO: Paulo Guedes não anunciou redução em aposentadorias e outros benefícios
Divulgação/Projeto Comprova
Publicidade

Enganoso: É enganoso que o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que aposentadorias e outros benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não vão mais ser reajustados pela inflação a partir de 2023. A alegação enganosa foi feita pelo deputado federal André Janones (Avante-MG) em vídeo publicado no Instagram e no Twitter. Na verdade, Paulo Guedes tem uma proposta para que os benefícios deixem de ser vinculados à inflação do ano anterior e passem a ser corrigidos pela expectativa da inflação do ano corrente. O projeto, entretanto, não foi formalmente apresentado.

Conteúdo investigadoVídeo no qual o deputado federal André Janones (Avante-MG) relata estar saindo de uma reunião no Ministério da Economia, em Brasília. Ele afirma que o ministro titular da pasta, Paulo Guedes, anunciou no encontro a redução dos valores de aposentadorias e outros benefícios pagos pelo INSS a partir de 2023. Segundo o deputado, os aumentos nos valores dos benefícios deixariam de ser reajustados pelos índices de inflação, medida atual utilizada para fazer o cálculo.

Onde foi publicado: Instagram e Twitter.

Conclusão do Comprova: O ministro Paulo Guedes não anunciou a redução do reajuste nos valores das aposentadorias e outros benefícios pagos pelo INSS a partir de 2023, como afirma vídeo do deputado federal André Janones.

Saiba mais:
>> Conheça o SBT News De Fato, o núcleo de verificação do SBT
>> Conteúdo suspeito? Envie para o InstagramFacebook, Twitter ou TikTok do SBT News
>> Acesse o SBT Comprova
>> Acesse as verificações e informações do SBT News De Fato
>> Leia as últimas notícias no portal SBT News

Na verdade, a pasta pretende apresentar uma proposta, caso Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito, para mudar a forma de cálculo do reajuste dos benefícios. Com a medida, o salário mínimo e os benefícios pagos pelo INSS deixariam de ser reajustados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação, e passariam a ser reajustados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou pela projeção da inflação do ano seguinte. A medida, se implantada, poderá diminuir o valor anual de reajuste dos benefícios.

Como a medida altera a Constituição, ela precisaria ser apresentada em forma de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e para que seja aprovada, é necessário que três quintos dos parlamentares votem a favor em dois turnos em cada Casa do Congresso.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: Até do dia 21 de outubro, o vídeo tinha 1,5 milhão de visualizações, 103 mil curtidas e 12,7 mil comentários no Instagram. No Twitter, eram 875 mil visualizações, 6.400 comentários, 63,1 mil likes e 27,2 compartilhamentos.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova fez contato com a assessoria do deputado federal André Janones, autor do vídeo. Até o fechamento do texto, ele não havia retornado.

Como verificamos: Procuramos por conteúdos relacionados a aposentadoria e outros benefícios, além do nome de Paulo Guedes, ministro da Economia. Encontramos uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo que detalha a proposta de Guedes, mas em nenhum momento dá a medida como concretizada.

Ainda fizemos contato com as assessorias de imprensa do Ministério da Economia e do deputado federal André Janones. Até o fechamento do texto, ambos não haviam respondido.

Paulo Guedes tem proposta de mudança no reajuste da aposentadoria

Na quarta-feira (19), o jornal Folha de S. Paulo divulgou matéria que teve acesso a trechos de uma proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, a ser apresentada em caso de reeleição de Jair Bolsonaro. O documento, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), teria o objetivo de reformular o teto de gastos e frear o crescimento de despesas, como é o caso dos benefícios previdenciários. Para que uma PEC seja aprovada, é necessário que ela seja discutida e votada em dois turnos na Câmara e no Senado, além de ter três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49).

Hoje, os benefícios previdenciários são reajustados anualmente de acordo com o INPC, que também mede a inflação. Além disso, o segurado do INSS não pode receber um valor menor do que o salário mínimo vigente.

Com a proposta, os benefícios deixariam de ser vinculados à inflação do ano anterior e passariam a ser corrigidos pela expectativa da inflação do ano corrente. O mesmo aconteceria com o salário mínimo. Com isso, há a possibilidade que o reajuste seja menor do que a inflação. Outra proposta é parar de usar o INPC e passar a usar o IPCA, que costuma ser menor.

Em 2021, o INPC teve alta de 10,16%, já o IPCA, 3,5%. Ou seja, caso a proposta já fosse válida, o salário mínimo de 2022 ficaria em R$ 1.138,50. Pelo INPC, o valor reajustado foi de R$ 1.212. A previsão do INPC para 2022 é de 4,97%, de acordo com o último Boletim Focus, do Banco Central do Brasil. Se esse fosse o índice usado para o reajuste, o salário mínimo ficaria em R$ 1.154.

Após a repercussão da proposta, nesta quinta-feira (20), Paulo Guedes disse que os reajustes da aposentadoria e do salário mínimo estão mantidos para o próximo ano. "O jogo está correndo. É claro que agora em janeiro, fevereiro, os aposentados e o salário mínimo serão corrigidos pelo menos igual à inflação", afirmou. Ele confirmou a intenção de mudar o teto de gastos, mas disse que a medida não terá impacto em aposentados e pensionistas.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e as eleições presidenciais que viralizam nas redes sociais. Publicações falsas ou enganosas podem induzir a interpretações equivocadas da realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: Nos últimos dias, em checagens envolvendo as eleições, o Comprova mostrou que militantes não invadiram igreja em Joinville, que grupo se passava por pesquisadores para pedir votos para Bolsonaro, em Alagoas, e explicou o que se sabe sobre o Caso Celso Daniel.

Investigação e verificação

Correio Braziliense e GZH participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Estado de Minas, Plural, Estadão, CBN, A Gazeta, Metrópoles, Imirante.Com, Correio, O Dia, SBT e SBT News.

Projeto Comprova

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 42 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Agora, na quinta fase, o Comprova segue verificando conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT e SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

sbt
sbtnews
portalnews
projeto-comprova
defato
de-fato
enganoso
pauloguedes
reducao
aposentadoria
beneficios
inss
eleicoes
politica

Últimas notícias

RJ: profissionais da Secretária da Mulher recebem ameaças pelas redes socais e denunciam ataques

RJ: profissionais da Secretária da Mulher recebem ameaças pelas redes socais e denunciam ataques

Mais de 10 mulheres foram até a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI)
Grande produtor de tecnologia, por que o Japão é resistente à modernização?

Grande produtor de tecnologia, por que o Japão é resistente à modernização?

País produz muita tecnologia exportada mundo afora e internamente se prende às tradições e aos equipamentos considerados obsoletos no Ocidente
Após dois anos, Japão "vence a guerra contra os disquetes"

Após dois anos, Japão "vence a guerra contra os disquetes"

Burocracia do governo tinha muitas repartições públicas que ainda usavam o arcaico dispositivo de gravação
The Economist estampa capa com andador e defende que Biden desista da eleição

The Economist estampa capa com andador e defende que Biden desista da eleição

Revista norte-americana e outras grandes publicações do país pedem a desistência do democrata de 81 anos
Casos de "pneumonia silenciosa" aumentam em São Paulo: como identificar a doença?

Casos de "pneumonia silenciosa" aumentam em São Paulo: como identificar a doença?

Doença é causada por outra bactéria menos comum, a Mycoplasma pneumoniae, identificada em surtos na China, EUA e em países da Europa
Governo Lula recria Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos encerrada por Bolsonaro

Governo Lula recria Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos encerrada por Bolsonaro

Eugênia Gonzaga, procuradora da República que foi exonerada da presidência do órgão pelo ex-presidente, voltará ao cargo
Edinho Silva diz que quem precisa conduzir sucessão do PT é Gleisi Hoffmann

Edinho Silva diz que quem precisa conduzir sucessão do PT é Gleisi Hoffmann

Prefeito de Araraquara é cotado para assumir a legenda ou algum ministério de Lula
Biden admite mau desempenho em debate: "Eu estraguei tudo"

Biden admite mau desempenho em debate: "Eu estraguei tudo"

Democrata falou com uma rádio local e deu a entender que continua na disputa: "Vamos derrotar Trump como fizemos em 2020"
Pix por aproximação deve ser lançado em fevereiro de 2025

Pix por aproximação deve ser lançado em fevereiro de 2025

Banco Central e Conselho Monetário Nacional criaram novas regras que possibilitam o usa da função, além de outras modalidades
Pastor é preso por compartilhar e armazenar imagens de abuso infantil

Pastor é preso por compartilhar e armazenar imagens de abuso infantil

Evangélico já havia sido indiciado pela Polícia Federal neste ano e diz que ensina a "fugir do pecado" nas redes sociais
Publicidade
Publicidade