MP investiga policiais militares por agressão a torcedor em Porto Alegre
Imagens mostram torcedor do Brasil de Pelotas em uma cadeira de rodas no hospital
Luciane Kohlmann
Câmeras de segurança mostram o momento em que os policiais militares retiram um grupo de torcedores de duas viaturas, na emergência de um hospital, em Porto Alegre, na noite de 1º de maio.
Rai Duarte, de 33 anos, entra caminhando na recepção. Ele fica encostado em uma parede até ser atendido no guichê. Em seguida, é levado pelos policiais para uma sala. Seis minutos depois, um funcionário aparece levando uma cadeira de rodas, na qual Rai é transportado, na sequência, aparentemente desacordado. O torcedor sofreu uma lesão no intestino e teve hemorragia interna.
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A mãe de Rai diz não acreditar no que viu. "Ontem, que eu vi as imagens... me apavorei! Só por Deus mesmo! Meu filho está lutando. Meu filho é um guerreiro", afirma Marta Moraes.
Outro vídeo, gravado antes da chegada do grupo ao hospital, mostra Rai sendo retirado pelos PMs de um ônibus de excursão. Os torcedores foram detidos após uma briga no jogo entre São José e Brasil de Pelotas, na capital gaúcha.
O Ministério Público diz que a vítima não participou do tumulto no estádio e investiga em que momento Rai teria sido agredido. "Estamos apurando o que aconteceu entre esta retirada [do ônibus de excursão] e o ingresso dele no hospital. A presença dele no hospital de pé no guichê não significa excluir que ele já tivesse com lesão", explica o promotor de justiça, Reichel Centeno.
A Corregedoria da Polícia informou, nesta 3ª feira (31.mai), que um inquérito policial militar investiga os fatos e está em fase de análise das imagens. Nesta semana, foi obtida a relação dos funcionários do hospital, que devem prestar depoimento. Os PMs envolvidos foram afastados da força tática, mas seguem no policiamento ostensivo.
O advogado que representa os torcedores alega que Rai foi agredido porque repreender a conduta dos policiais durante a briga e define o crime como tortura. "No momento que tu tinha uma pessoa detida, algemada, sem apresentar qualquer resistência, e alguém, gratuitamente, covardemente, te aplica agressões, não há nada mais claro que seja uma tortura", argumenta Rafael Martinelli.
Rai continua internado, em estado grave, na UTI. "Primeiramente, eu quero que o Rai saia dessa, e depois, a gente vai procurar Justiça. Isso não pode ficar assim", acrescenta a mãe da vítima.
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