Três em dez gestantes ou puérperas completaram a imunização contra covid
Má informação é a principal causa da baixa vacinação do grupo, apontam especialistas
A baixa adesão de gestantes e puérperas à vacinação contra a covid-19 no país preocupa as autoridades de saúde. Apenas 30% deste público foi imunizado e os casos de internações e mortes têm aumentado.
O enxoval da Olívia e do Gael está em dia e a proteção da mamãe também. Paula Gandolfo, mãe do casal, até ficou insegura na hora de tomar a dose de reforço da vacina depois de engravidar, mas ouviu a orientação de vários médicos e decidiu completar o esquema vacinal.
"A vacina, é óbvio que a gente sabe, não vai evitar que você contraia o vírus. Mas ela permite com que você tenha sintomas muito mais leves", relatou a gestante.
Paula faz parte de uma minoria. Até o dia 15 de janeiro, o total de grávidas e puérperas completamente imunizadas era de 829.603, apenas trinta por cento deste público-alvo.
O estudo feito pelo Observatório Obstétrico Brasileiro mostra que o número de internações por síndrome respiratória aguda grave aumentou quase 95% no início do ano, em relação à última semana de dezembro.
"O que a gente observou é que o grupo não estava vacinado. Tem 5 vezes mais chance de ir a óbito que o grupo que tomou a vacina", salientou a coordenadora Observatório Obstétrico, Agatha Rodrigues.
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Um outro levantamento feito pela plataforma, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual Paulista, para monitorar os casos de covid dezenove em todo o país confirma esta tendência. Das 325 gestantes que morreram no segundo semestre do ano passado vítimas da doença, 317 não haviam se imunizado ou tinham tomado apenas uma dose da vacina.
A baixa adesão é resultado da divulgação de informações falsas que colocam a vacina em xeque, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
"A gente, que é profissional da área, fica enxugando gelo pra tentar mostrar toda hora que essas notícias não tem cabimento. Nós temos evidências de mundo real de vacinas extremamente seguras, efetivas e que evitam a morte da gestante", ressalta a ginecologista, Cecília Maria Roteli Martins.