Transplantados com HIV: MP denuncia sócios e funcionários de laboratório PCS Saleme
Denúncia aponta que conduta demonstrou "indiferença com a vida"; entre os denunciados estão pai e filho, que são sócios do estabelecimento
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, nesta terça-feira (22), sócios e funcionários do laboratório PCS Lab Saleme, contratado pela Fundação Saúde para a realização de exames de sorologia de órgãos transplantados doados no Rio de Janeiro, e investigado pela contaminação de seis pacientes que testaram positivo para HIV após transplante.
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Entre os denunciados estão os sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, e seu pai, Walter Vieira. Além deles, a coordenadora do laboratório Adriana Vargas dos Anjos e os funcionários Jacqueline Iris Barcellar de Assis, Ivanilson Fernandes dos Santos e Cleber de Oliveira Santos. Com exceção de Matheus, todos estão presos.
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Na denúncia, a promotora Elisa Ramos Pittaro Neves aponta que "o que foi apurado neste procedimento não foi um fato isolado, resultado de uma conduta negligente. Mas demonstram a indiferença com a vida e a integridade física dos pacientes transplantados e demais pacientes recebem dos denunciados, que não hesitaram em modificar protocolos de segurança motivados apenas por dinheiro", escreve.
Os seis vão responder pelos crimes de associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica.
Órgãos infectados com HIV
O caso de contaminação é inédito na história dos transplantes no Brasil e veio à tona após um paciente, que recebeu um coração, começar a passar mal cerca de 9 meses após o transplante. Após uma série de exames, ele testou positivo para HIV. A notificação foi feita no dia 10 de setembro.
A Secretaria Estadual de Saúde descobriu, então, que pelo menos dois doadores eram soropositivos, mas o exame feito pelo PCS Lab Saleme – empresa privada que presta serviços para a SES-RJ – não detectou o vírus e liberou os órgãos para os transplantes.
Até o momento, seis pacientes transplantados foram diagnosticados com HIV. Outros 288 doadores estão sendo testados pelo Hemorio, o hemocentro do Rio de Janeiro.
O PCS Lab Saleme foi contratado pelo governo do estado em dezembro de 2023, em um processo de licitação de R$ 11 milhões. Segundo a SES, o serviço foi suspenso após a descoberta dos pacientes infectados e, com isso, os exames para transplantes passaram a ser realizados pelo Hemorio.