Tragédia no RS: chuvas atingem 446 dos 497 municípios do estado
Nem a trégua dada pela chuva evitou uma piora na enchente. Rios do interior que deságuam no Guaíba fizeram com que o lago subisse 50 centímetros
O tamanho da devastação no Rio Grande do Sul impressiona. Em Picada Café, na Serra Gaúcha, parte de um morro veio abaixo e toda a área precisou ser esvaziada por risco de novos deslizamentos. Apesar da gravidade, apenas uma casa foi atingida. As chuvas afetam 446 dos 497 municípios do estado gaúcho.
Na mesma região, em São Francisco de Paula, o perigo vem da barragem do Salto. Uma encosta às margens do reservatório pode desmoronar. Rachaduras em casas e ruas amedrontam os moradores. A Defesa Civil ordenou que a população de localidades de sete municípios procure locais seguros devido ao risco de transbordamento.
No extremo sul de Porto Alegre, pessoas foram retiradas de casa às pressas durante a madrugada. Na região metropolitana, a água congelante dificulta os resgates.
Esta terça-feira (14) marca o dia mais frio do ano na capital gaúcha, com mínima de 10° C. Nem a trégua dada pela chuva evitou uma piora na enchente. Rios do interior que deságuam no Guaíba fizeram com que, em pouco mais de 24 horas, o lago subisse 50 centímetros.
Em entrevista ao pool formado por SBT, RecordTV e RedeTV - que uniram esforços para divulgar ações que ajudem a população atingida - o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), respondeu às críticas que recebeu por ter feito mudanças na legislação ambiental, num contexto de crise climática.
"A legislação que nós fizemos foi com absoluta responsabilidade para o meio ambiente, para sim buscar desburocratizar, agilizar processos, mas com um olhar sobre proteção ao meio ambiente nesses tantos ativos que nós lá estabelecemos”, afirma.
Leite adiantou que o governo deve apresentar nesta semana uma estrutura que vai gerenciar o processo de reconstrução.
"A gente vai ter que fazer um processo de indenização, planejamento urbano para remoção e métodos construtivos também sustentáveis e rápidos para conseguir reter essas pessoas nos locais, de forma a não gerar um empobrecimento na economia local e que consigamos rapidamente terminar essas soluções. Também tem uma parte de adaptação e resiliência, nos adaptarmos ao que estamos vivendo e sermos resilientes, cidades resilientes”, diz.
Por enquanto, o que tem feito a diferença na vida da população é a ajuda, vinda de longe e de perto. No maior centro de triagem e distribuição de Porto Alegre, voluntários formam uma linha de produção para separar os alimentos, que não param de chegar.
A voluntária Taíse, que é dentista, relata o dia a dia na distribuição de doações. "Tem dia que a gente entrega mais de duas mil cestas básicas. Então, assim, é uma alegria. A gente gosta de contabilizar e contar para todo mundo porque isso dá um gás para a gente continuar”, afirma.