Silvio Luiz, Antero Greco e Apolinho: as lendas do jornalismo esportivo brasileiro que nos deixaram
Silvio Luiz teve falência múltipla dos órgãos, Antero Greco lutou contra um tumor cerebral e a Apolinho combatia um câncer
Se a bola rolar no céu, as transmissões das partidas de futebol estão mais preparadas com as estrelas que deixaram o jornalismo esportivo.
Nesta quinta-feira (16), o narrador Silvio Luiz e o apresentador Antero Greco morreram por horas de diferença, em São Paulo. Na noite de quarta-feira (15), o jornalista Washington Rodrigues, conhecido como Apolinho, morreu no Rio de Janeiro.
O que aconteceu
Internado há oito dias, Silvio Luiz sofreu falência múltipla dos órgãos, aos 89 anos, no hospital Oswaldo Cruz, centro da capital paulista. Ele era casado com a cantora Márcia Barbosa desde 1969 e deixa três filhos: Alexandre, Andréa e André.
A 12 km de distância, Antero Greco, aos 69 anos, estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa por um tumor no cérebro, que lutava contra há dois anos. Antero era casado com Leila Maria de Brito Greco, deixa dois filhos e dois netos.
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Apolinho, também por um tratamento de um câncer, morreu em um hospital no Rio. Ele tinha três filhos e sete netos.
Como eram conhecidos:
Silvio Luiz
Se fechar os olhos e imaginar um gol narrado por Silvio Luiz, é bem possível que venha na memória seus muitos e históricos bordões:
- “Olho no lance!”
- "Foi, foi, foi, foi ele!”
- “Pelo amor dos meus filhinhos!”
- “Acerta o seu aí, que eu arredondo o meu aqui”
- “No pau!”
Dessa forma, Silvio se tornou uma voz brasileira única pela suas locuções esportivas, tanto no rádio quanto na televisão, como na Record TV, Bandeirantes e SBT.
Antero Greco
Quem procurava boa informação esportiva, com bom humor e leveza, encontrava com Antero Greco e sua dupla de bancada, Paulo Soares, conhecido como o Amigão, nas apresentações de programas esportivos na ESPN.
O jornalista também trabalhou no Diário Popular, Folha de S. Paulo, SBT e Bandeirantes.
Apolinho
Comentarista e apresentador, Apolinho marcou uma geração na rádio brasileira com sua locução. Criador também de diversos bordões, ele foi o primeiro a utilizar a expressão “chocolate” para indicar uma goleada sofrida em campo.
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Mesmo com sua narração marcante na conquista do Flamengo no Campeonato Carioca, em 2001, no gol do Petkovic contra o Vasco, ele foi respeitado e admirado por todas as torcidas do Rio.
Carreiras:
Silvio Luiz
Filho da veterana atriz de rádio e televisão Elizabeth Darcy, Silvio começou como ator nas radionovelas e novelas da TV brasileira.
Com tanto talento, foi se aventurando como apresentador, narrador, repórter, comentarista e até árbitro de futebol.
Entre as décadas de 1970 e 1980, ele ganhou destaque com sua voz pela Rádio Record, além de ter apresentado programas esportivos na Record TV.
Na década de 1980, se tornou o nº 2 da Bandeirantes, então bastante reconhecida pelas transmissões, que tinha Luciano do Valle como principal responsável pela narração.
Chegou ao SBT em 1986, quando Silvio Santos o trouxe para encabeçar a equipe de transmissão da Copa do Mundo do México, num pool entre SBT e Record (à época pertencente aos grupos Silvio Santos e Machado de Carvalho), denominado Unidos Venceremos.
Em 1996, ele retornou à emissora para as Olímpiadas de Atlanta, dividindo a narração com Osmar de Oliveira, Teo José e Nivaldo Prieto. Apresentou o programa Gol Show e conquistou, no mesmo ano, o Troféu Imprensa, como melhor narrador esportivo da TV.
Ele faturou mais quatro vezes a premiação, entre 1987 e 2006.
Anos depois, foi para a RedeTV!, onde narrou competições europeias, a Série B do Campeonato Brasileiro e apresentou o programa Bola Dividida.
Seu último trabalho foi no veículo que começou a carreira de narrador, com as transmissões do Campeonato Paulista no portal da Record.
Silvio dizia que queria morrer narrando um jogo. Em sua última partida, disputada entre Santos e Palmeiras, no dia 7 de abril, válida pela final do campeonato paulista, o veterano passou mal e precisou ser internado.
Ele recebeu alta em 2 de maio, mas voltou ao hospital depois.
Antero Greco
Paulistano, filho de João Greco e Ernestina Catarina Ferraro Greco, Antero nasceu em 2 de junho de 1954 e completaria 70 anos mês que vem.
Formado em Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP, ele começou a escrever pelo jornal o Estado de São Paulo, em 1974.
O jornalista exerceu as funções de repórter, chefe de reportagem, repórter especial e editor, entre passagens no jornal, o deixando em definitivo no ano de 2018.
Antero trabalhou no Diário Popular, Folha de S. Paulo, SBT e Bandeirantes, além da ESPN. Profissional experiente, ele cobriu as Copas do Mundo de 1982, 1986, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014.
Mesmo tratando o câncer, o apresentador fazia questão de se fazer presente, quando podia, na redação do Sportscenter da ESPN.
Em maio de 2023, ele revelou para o público durante o programa ao vivo, com muita leveza e bom tom, que "estava com um corpo estranho na cuca", se referindo ao câncer. Mas, comemorou sua volta:
"Estar aqui na bancada que eu ocupo há 20 anos é, neste momento, uma emoção. É também uma vitória de ciência e de fé", disse emocionado.
Apolinho
Nascido no Rio, em 1° de setembro de 1936, Washington Rodrigues, ganhou seu apelido Apolinho entre os anos 1969 e 1970.
Enquanto ainda trabalhava como repórter de campo, ao trocar a Rádio Nacional pela Rádio Globo, ele estreou, ao lado de Deni Menezes, a primeira dupla de repórteres do rádio brasileiro.
Na época, para melhorar os equipamentos de transmissão, Washington ganhou um modelo de microfone utilizado na missão Apollo 11, em 1969.
Os torcedores em geral o começaram a chamar ele de Apolinho. O apelido pegou e os companheiros de imprensa continuaram com ele.
Em 1995, ele foi "convocado" pelo presidente do Flamengo na época, Kleber Leite, e assumiu o clube como treinador. Em 26 partidas, Apolinho teve 11 vitórias, oito empates e sete derrotas. Em 1998, voltou ao clube como diretor de futebol.
Atualmente era comentarista e apresentador na Super Rádio Tupi.