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Brasil

RS tem 40 denúncias de violências contra mulheres e crianças por dia na 1º semana da crise

Levantamento do SBT News com dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos aponta que 98% dos abusos são contra a integridade das vítimas

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Chuva no Rio Grande do Sul | Gustavo Mansur/ Palácio Piratini
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Nem com a maior tragédia climática vivida pelo Rio Grande do Sul em sua história, os crimes contra mulheres e crianças cessaram. Na primeira semana das fortes chuvas e enchentes, entre 29 de abril e 6 de maio, foram registrados 286 denúncias de violência contra esse público.

Segundo levantamento exclusivo do SBT News com dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, os registros são equivalentes a 40 queixas de violência por dia no período. Desses abusos, 98% estão relacionados contra a integridade das vítimas, seja física, psicológica ou mesmo patrimonial.

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Para umas das especialistas sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as agressões domésticas e sexuais no estado gaúcho são uma grave realidade de anos, com indicadores ainda maiores que no âmbito nacional. Na crise, as violências ficam ainda mais evidentes.

“Essas denúncias não surgiram no vácuo. Provavelmente essas violências ocorriam nos interior das casas dessas famílias e vítimas e agora ganharam ainda mais visibilidade pela situação que estão vivendo durante a crise climática”, afirma Olaya Hanashiro.

Segundo o último anuário do Fórum de 2023, com dados de 2022, a taxa do Brasil para lesão corporal e violência doméstica foi de 232,7 casos por cem mil mulheres. No Rio Grande do Sul, esse índice foi de 325,8 ocorrências por cem mil mulheres.

Já sobre violência sexual, o Brasil registrou 33,9 estupros por cem mil habitantes e o Rio Grande do Sul, 47,7, no mesmo comparativo.

Chuva no Rio Grande do Sul | Gustavo Mansur/ Palácio Piratini
Chuva no Rio Grande do Sul | Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O Ministério das Mulheres informou, na última sexta-feira (9), que pediu a investigação de crimes sexuais nos locais de acolhimento destinados aos atingidos pelas chuvas e enchentes. Ao menos 47 pessoas foram presas em meio à calamidade no Rio Grande do Sul, seis por suspeita de abusos sexuais.

De acordo com a especialista, a questão de saúde mental é uma preocupação que vai aumentar nos próximos dias, semanas e meses no estado, sendo necessário o acompanhamento social aos atingidos pela crise climática.

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“Se as violências estão emergindo, é uma oportunidade de realizar um atendimento digno, com profissionais capacitados, que possam observar essas vítimas individualmente, encaminhando-as, seja para um assistente social ou alguém que cuide da saúde mental. É fundamental que esse acolhimento seja exclusivo para mulheres e crianças, já que os problemas se passam próximos dos vínculos afetivos”, analisa Olaya Hanashiro.

Abrigo exclusivo

A prefeitura de Porto Alegre construiu um abrigo emergencial exclusivo para crianças e mulheres atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, visando protegê-las dos abusos nestes espaços.

No entanto, só são permitidos crianças de até 12 anos, o que faria com que uma mãe vítima de abuso fosse separada de seu filho com idade acima dessa.

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Olaya Hanashiro acredita que esses abrigos são fundamentais, mas escolha das mães têm de ser respeitas durante o momento de grande vulnerabilidade pelo qual estão passando no RS, além de que outras configurações assistenciais devem ampará-las em meio à crise.

Disque 100

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania disponibilizou novos canais para receber denúncias de violações de direitos humanos e informações de vítimas da crise climática.

Após discar 100, a população pode acionar a opção 0 (zero), sobre desaparecidos em razão das chuvas e enchentes no estado.

Ao teclar a terceira opção, digitando 3, a população consegue solicitar resgate imediato ou apresentar informações para o socorro de pessoas conhecidas.

Na quarta opção, é possível pedir ajuda aos municípios atingidos. Por fim, ao digitar a tecla 5, há como se voluntariar para trabalhar na região ou oferecer doações.

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