Quem foi Luiz Fernando Pacheco, advogado que morreu após passar mal em rua de SP
Advogado estava sem documentos quando foi socorrido; desaparecimento chegou a ser registrado na quarta-feira (1º)

Caroline Vale
O advogado criminalista Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco, de 51 anos, conhecido por sua atuação em casos de grande repercussão nacional, morreu na madrugada de quarta-feira (1º), em São Paulo. Ele havia sido socorrido após passar mal em uma rua do bairro de Higienópolis, na região central da capital.
Pacheco chegou a receber atendimento do SAMU, mas não resistiu e foi declarado morto na Santa Casa. Como estava sem documentos no momento do atendimento, a identidade do advogado só foi confirmada nesta quinta-feira (2) por meio de exame papiloscópico.
Antes disso, também na quarta-feira, o desaparecimento do advogado foi registrado, depois que ele saiu no dia 30 e não retornou.
As circunstâncias da morte de Luiz Fernando Pacheco ainda estão sendo investigadas, e o caso foi encaminhado à Divisão de Proteção à Pessoa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
+ Milton Nascimento é diagnosticado com demência por corpos de Lewy; entenda doença
Quem foi Luiz Fernando Pacheco?
Luiz Fernando Pacheco iniciou sua carreira em 1994 no escritório de advocacia de Márcio Thomaz Bastos, e formou-se em Direito pela Universidade Mackenzie em 1996.
Tornou-se sócio do escritório em 2000, atuando em casos de grande repercussão, como a defesa de José Genoino no processo do mensalão. Ao longo de sua trajetória, trabalhou ao lado de nomes importantes da advocacia criminal.
Em 2013, fundou o escritório que levava seu nome, atuando de forma autônoma e independente, mas mantendo parcerias com colegas de longa data. Pacheco também se especializou em Direito Penal Econômico e Europeu, com cursos realizados pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) e pela Universidade de Coimbra, em Portugal.
Além da atuação profissional, Pacheco ocupou cargos relevantes na advocacia e na política de defesa dos direitos: foi conselheiro da OAB/SP em diferentes mandatos (2019-2021 e 2022-2024), presidente da Comissão de Prerrogativas da seccional paulista e vice-presidente do Conselho Deliberativo do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD). Ele também integrou o Conselho Nacional Anti-Drogas da Presidência da República.
+ Caso Ruy Fontes: morte de suspeito dificulta investigações
No final de 2024, deixou a presidência da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP. Atualmente, ele era Conselheiro de Prerrogativas do Conselho Federal da OAB.

A OAB-SP manifestou condolências à família e decretou luto oficial de três dias, em memória ao conselheiro estadual. "Ao longo de mais de 30 anos de carreira, o criminalista Luiz Fernando Pacheco marcou a advocacia por sua atuação sempre muito firme na defesa de direitos da advocacia e de toda a sociedade, sem se intimidar com medidas ou decisões monocráticas dos Tribunais Superiores."
“Perdemos um amigo ímpar e um guerreiro do bem. A Ordem está em luto e o melhor que faremos é seguir honrando a luta pelo direito de defesa e das prerrogativas da advocacia, causas que ele abraçou com paixão e ética”, disse o presidente da OAB SP, Leonardo Sica.
Escritório lamenta morte
Em nota, a equipe do escritório de Pacheco lamentou a morte e homenageou o advogado. Veja na íntegra:
"Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco, o nome pomposo destoava do amor-perfeito; da voz rouca, mas tonitroante; da imensidão escondida atrás do sorriso, da gargalhada de calhambeque, da irascibilidade que explodia diante de qualquer injustiça, a ponto de chamar à ordem, famosamente, advogada mente, nada menos que o Supremo Tribunal Federal, tudo para, em dias mais recentes, tornar-se um dos maiores defensores de prerrogativas da nossa conturbada História.
Em 30 de dezembro de 2022, amigos reuniram-se em Brasília, todos ainda assustados com o perigo que havia em identificar-se com Justiça Social e Direitos Humanos, para celebrarem antecipadamente a terceira posse de Lula. Gente jovem que se mudava para a Capital para assumir o Governo, gente menos jovem para apoiar e exorcizar a política. Entre eles, Pacheco, feliz da vida. De repente, ele começa a chorar intensamente. “Há tanta injustiça nesse País…”, murmurou.
Pacheco choraria muitas vezes mais, pelo Brasil, pela advocacia, por toda pessoa cuja história chegasse a ele. Hoje, choramos pelo Pacheco. Uma revoada de anjos buscou pela sua São Paulo o arcanjo caído. Esta semana dolorosa, Pacheco, sem lenço, sem documento, foi identificado primeiramente como morador de rua. O destino soube descrevê-lo em toda sua grandeza de coração. Ele era morador das ruas, trazia consigo toda a dor do mundo."