Projetos de lei no RJ pretendem restringir armas de gel vendidas como brinquedos
Réplicas de armas que disparam balas de gel e não são regulamentadas no Brasil representam riscos à saúde e segurança pública
Léo Sant'anna
Dois projetos de lei tramitam na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para restringir o uso das chamadas "armas de gel", réplicas que viraram febre no estado e já provocaram acidentes graves e até mortes.
Apesar de serem vendidas como brinquedos, essas armas são réplicas perfeitas de pistolas e fuzis, disparando projéteis de gel que, dependendo da intensidade e do alvo atingido, podem causar danos sérios. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Oswaldo Moura Brasil, um impacto nos olhos pode levar ao descolamento de retina, exigindo cirurgia urgente para evitar a perda da visão.
Além dos riscos à saúde, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) alerta que essas armas não são regulamentadas como brinquedos e não possuem selo de avaliação de conformidade. "Esses produtos não devem ser comercializados como brinquedos, pois não estão no escopo de regulamentação do Inmetro", explicou Hércules Souza, chefe do Núcleo de Segurança de Produtos do órgão.
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O problema também afeta a segurança pública, já que as réplicas podem ser facilmente confundidas com armas reais. Um caso recente na zona oeste do Rio levantou este alerta: um policial penal abordou um criminosos armado com um fuzil real achando que armamento era uma uma réplica de gel, e acabou sendo sendo assassinado. Na ação, um idoso também foi baleado e morreu.
A deputada estadual Tia Ju (Republicanos), autora de um dos projetos em tramitação, defende a proibição das armas de gel em todo o estado. “Elas representam um perigo para as crianças, que muitas vezes desconhecem os riscos que correm”, destacou.
Medidas restritivas já foram adotadas em outros locais, como Olinda, em Pernambuco, onde um decreto municipal proibiu a comercialização e uso dessas réplicas. Para o especialista em segurança Paulo Storani, a popularização das armas de gel é preocupante. "Isso incentiva uma cultura de violência nas comunidades, algo que deve ser combatido", diz.