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Por que tantos influenciadores são alvos de operações da polícia?

Deolane Bezerra, Chrys Dias, Débora Paixão, Paulinha Ferreira e Ygor Ferreira são alguns nomes; quem ajuda a divulgar jogos também pode ser investigado

Por que tantos influenciadores são alvos de operações da polícia?
Deolane Bezerra, Chrys Dias, Débora Paixão, Paulinha Ferreira e Ygor Ferreira são influencers que foram alvos de diferentes operações policiais | Montagem/ Redes sociais
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Deolane Bezzera, advogada, empresária e influenciadora com mais de 20 milhões de seguidores, foi presa em Pernambuco, nesta quarta-feira (4), alvo de uma operação policial. Na semana passada, Chrys Dias e Débora Paixão foram surpreendidos por ações policiais, em São Paulo, suspeitos de enganarem 12 milhões de seguidores.

Por que tantos influenciadores estão sendo alvos de operações policiais?

Ponto em comum

Na experiência de Lucimério Campos, titular da Delegacia de Estelionatos de Alagoas que conduziu a operação policial que revelou o esquema golpista do Jogo do Tigrinho, o que há em comum entre quase 50 influenciadores que investigou são as suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro e jogos ilegais.

Os influenciadores golpistas firmam contratos de publicidade com empresas de jogos ilegais. O pagamento que recebem pela divulgação é passado para laranjas, direto para compra de bens ou para lavagem de dinheiro em negócios legais.

A falta de regulamentação de sites clandestinos de apostas, que proliferam no país, abre caminho para o aparecimento, a cada semana, de uma mega-operação policial.

"Continuam rodando no país casas de aposta e jogos clandestinos, operados de fora do Brasil que não têm nem representantes legais no território nacional. Os influencers continuam desobedecendo à lei, mesmo com as operações, promovendo esses jogos e, logo, estão dentro do crime", explica o delegado Lucimério Campos.
Golpistas anunciam a contratação de influencers que estão começando para divulgar o Jogo do Tigrinho | SBT
Golpistas anunciam a contratação de influencers que estão começando para divulgar o Jogo do Tigrinho | SBT

Comportamento dos influenciadores

No começo de julho, uma portaria da Secretaria de Prêmios e Apostas, do Ministério da Fazenda, proibiu que influenciadores propaguem a ideia de ascensão financeira aos seguidores e quaisquer falas convidativas de vida de luxo obtida por meio do jogo.

No entanto, "nenhum deles parou de fazer isso, no máximo, os influenciadores colocaram uma advertência, dizendo que o jogo é proibido para menores de 18 anos, mas isso é apenas um dos requisitos do Jogo Responsável", explica o delegado.

Por exemplo, os investigados Ygor Ferreira e Paulinha Ferreira foram presos por estelionato suspeitos de oferecer lucro a milhões de seguidores por meio de jogos, mas sem qualquer garantia de retorno financeiro. Além disso, Ygor e Paulinha recebiam um percentual pelas apostas perdidas feitas pelos seguidores lesados.

Com eles, foi apreendido um veículo de luxo avaliado em mais de R$ 1,5 milhão. Veja:

Polícia Civil apreende Corvete de casal avaliado em mais de R$1,5 milhão | Reprodução/Polícia Civil
Polícia Civil apreende Corvete de casal avaliado em mais de R$1,5 milhão | Reprodução/Polícia Civil

Para o advogado Eduardo Maurício, doutor em criminologia pela Universidade de Salamanca, na Espanha, os influenciadores postam fotos e vídeos de viagens e bens luxuosos para servir de vitrine para os seguidores. "Quanto mais eles demonstram para as pessoas que estão ganhando dinheiro, têm carro, têm mansão, mais as pessoas atingidas sentem como uma oportunidade de ganhar também".

"O alerta para o seguidor tem que surgir logo no início, porque tudo que vem fácil, é necessário desconfiar. As apostas dependem da sorte, e não da habilidade de quem joga. Hoje em dia, aquilo que é compartilhado na internet e é possível conseguir de forma fácil, desconfie. Você pode estar sendo vítima de um estelionato ou você, se começar a divulgar, pode ser alvo de investigação policial", alerta Eduardo Maurício.

O delegado ressalta que existem influenciadores amparados na legalidade, que apenas promovem produtos sem cometer nenhum ilícito. Mas, a rede também serve para golpistas que querem enganar os seguidores. Ele também cobra o apoio da Meta, dona do Facebook e do Instagram, que deveria atuar no monitoramento dessas atividades ilegais.

"A Meta precisava fazer isso porque derrubar uma conta desestimula o influenciador. Sem ajuda da Meta, a gente tem que ficar derrubando conta por conta, em um trabalho de formiguinha. Deolane tem milhões de seguidores, mas há ainda aqueles com 30 mil, que também atingem pessoas", afirma o delegado Lucimério.
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