Por que algumas metas de ano novo sempre falham? Veja como estabelecer objetivos realistas
Além de ser difícil manter a disciplina ao longo do ano, metas estipuladas podem ser amplas demais, pouco claras ou irrealistas, avalia especialista

Sofia Pilagallo
"Ano novo, vida nova". A expressão popular, que simboliza o desejo por renovação, é dita aos montes ao final de cada ano, quando as pessoas estão mais esperançosas e dispostas a buscar a melhor versão de si mesmas. Nessa época, é comum fazer um balanço do ano que passou e estabelecer metas para o ano que virá. Porém, inevitavelmente, algumas sempre falham.
Para a psicóloga Aline Guimarães dos Santos, dois principais motivos poderiam explicar esse fenômeno. O primeiro é que cumprir metas exige disciplina. As pessoas traçam metas de ano novo quando estão em momentos de pausa e reflexão, e não na correria do dia, quando o cansaço, o desânimo e a sobrecarga tomam conta. Outro fator é que muitas metas estipuladas são muito amplas, pouco claras ou irrealistas.
"Dizer que vai 'mudar a alimentação', por exemplo, é bem diferente de estabelecer que vai 'preparar refeições três vezes por semana'. É preciso criar metas específicas", afirma Aline ao SBT News.
"É importante atentar também para a viabilidade daquela meta. Então, será que três vezes na semana é factível no contexto da minha realidade?' Quando a meta é inespecífica e irrealista, fica difícil colocá-la em prática."
Segundo Aline, as metas não servem para gerar cobrança, perfeccionismo e autocríticas, mas sim para orientar mudanças na vida das pessoas. Por isso, o ideal é criar um plano flexível, considerando que imprevistos podem e vão ocorrer. Quando pequenos deslizes são vistos como fracassos, e não como questões que precisam de ajustes, a tendência é que a pessoa desista no meio do caminho.
Aline costuma trabalhar com a metodologia S.M.A.R.T. para seus pacientes conseguirem estabelecer objetivos claros e sustentáveis. O método foi criado por George T. Doran, falecido consultor e diretor em planejamento corporativo. Ele sugeriu a técnica em artigo publicado em 1981 na revista Management Review, voltada para empresários e gestores.
Cada letra da sigla corresponde a uma característica que a meta deve ter: "S", de specific (específico), "M", de measurable (mensurável), "A" de attainable (atingível), "R" de relevant (relevante) e T de temporal (temporal). Veja abaixo um pouco mais sobre cada uma delas e como a junção desses atributos pode te ajudar a traçar objetivos sustentáveis para 2026:
S: a meta precisa estar clara. "Quero cuidar mais de mim", por exemplo, é uma meta muito vaga. É preciso se perguntar: "Como quero cuidar mais de mim? Quero fazer caminhadas? Quero me alimentar melhor? Quero me sentir mais bonito(a)?"
M: é preciso tornar a meta mensurável. Se o objetivo é fazer caminhadas, por exemplo, quão longas serão essas caminhadas? E quantas vezes na semana serão feitas essas caminhadas? Lembrando que as metas podem sempre sofrer ajustes ao longo do processo.
A: além de ajustáveis, as metas também precisam ser factíveis — e é isso que diz respeito a letra "A", de "atingível". Se uma pessoa é sedentária e quer começar a se exercitar, o melhor é começar aos poucos, praticando exercícios três vezes na semana, por exemplo.
R: a meta precisa ser relevante na vida daquela pessoa. Se não há uma vontade muito grande de atingir aquele objetivo, o risco de desistir do processo no meio do caminho é maior.
T: por fim, a meta precisa ser estipulada dentro de um prazo. Isso facilita — e muito — o processo. Se uma pessoa consegue adquirir um novo hábito em um mês, por exemplo, a tendência é que o segundo mês se torne mais fácil e assim por diante.









