Polícia do Rio de Janeiro intima casal que fez gestos racistas em roda de samba
Caso aconteceu no dia 19 de julho no samba “PedeTeresa”, na Praça Tiradentes, região central da cidade, e gerou revolta nas redes sociais
Antonio Souza
A Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou e intimou o casal que foi filmado fazendo gestos racistas em meio a uma roda de samba, no último dia 19 de julho. Segundo a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que apura casos de racismo da polícia do Rio, eles deverão prestar depoimento à Justiça. A investigação continua em andamento.
O prazo para os acusados se apresentarem não foi informado. O “PedeTeresa”, que acontece na Praça Tiradentes, região central da cidade, é uma das principais rodas de samba da capital fluminense. A mulher, de nacionalidade argentina, e o homem são professores e estavam no Rio de Janeiro para participar do Fórum Latino-Americano de Educação Musical, segundo a polícia.
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Na sexta-feira (26), a escola bilíngue Concept de São Paulo, local onde o professor trabalha, confirmou o afastamento do profissional e reiterou que está tomando todas as medidas cabíveis.
"Informamos que o colaborador envolvido no incidente não fará parte do nosso quadro de colaboradores para o segundo semestre letivo. A escola foi surpreendida pelas notícias que circularam sobre o fato ocorrido no período de férias e fora do ambiente escolar. Reiteramos, uma vez mais, que não compactuamos com nenhum ato ou manifestação que fira os valores de respeito à diversidade cultivados em nossa instituição", diz a escola em nota.
Na manhã da última terça-feira (23), a Associação Orff-Schulwerk Argentina, escola à qual a argentina é associada, usou as redes sociais para afirmar que os gestos não são considerados racistas no país.
"Diante da quantidade de mensagens recebidas nas redes sociais relacionadas ao vídeo viralizado recentemente nos meios de comunicação do Brasil, a Asociación Orff Argentina manifesta que é uma associação sem fins lucrativos que não possui funcionários nem presta serviços. A associação e seus integrantes celebram a diversidade e repudiam categoricamente qualquer ato de racismo ou discriminação. A professora implicada na situação é associada de nossa associação há vários anos e está participando como expositora em alguns encontros, mostrando sempre uma grande capacidade de trabalho e criatividade. Na Argentina, no contexto de uma atividade pedagógica, a imitação de animais não tem conotações racistas. Lamentamos profundamente esta situação", diz nota da entidade na rede social.
Relembre o caso
Um casal foi filmado fazendo gestos racistas em meio a uma roda de samba, no Rio de Janeiro. O caso aconteceu no “PedeTeresa”, na região central da cidade.
Ambos, filmados imitando macacos, foram identificados, mas os nomes não foram divulgados. O homem é morador do Rio, e a mulher havia participado do Fórum Latino-Americano de Educação Musical. O Fórum, por sua vez, postou uma nota de repúdio nas redes sociais.
Jackeline Oliveira, jornalista e assessora de imprensa, que gravou o ocorrido, e a produção do “PedeTeresa” foram à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) na segunda-feira (22). O departamento apura casos de racismo da polícia do Rio.